Com juro menor, é hora de rever a melhor opção para investir

Aplicações mais tradicionais, como a poupança, perderam a atratividade com as sucessivas quedas na taxa básica de juros, a Selic. Momento é de reavaliar onde aplicar os recursos e aprender a arriscar mais para obter melhores rendimentos

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,

Com as sucessivas reduções da taxa básica de juros (Selic), que pode chegar ao fim de 2017 no menor patamar da história, aqueles que por muitos anos se acostumaram com investimentos conservadores que rendiam quase 15% ao ano terão de buscar novas opções, com mais risco, para manter a mesma rentabilidade. "Acabou a fase dos juros de 1% ao mês, porque na medida em que a Selic vai caindo, cai também a rentabilidade de boa parte dos investimentos, muitos deles atrelados a ela", diz o economista Ricardo Eleutério, professor de Economia da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Após nove quedas seguidas da Selic, que saiu de 14,25% ao ano em outubro de 2016 para 7,50% ao ano (a.A.) no último dia 25 de outubro, a expectativa do mercado é de mais uma redução em dezembro, com a taxa fechando o ano em 7% e permanecendo nesse mesmo patamar até o fim de 2018. Taxa básica da economia brasileira, definida pelo Banco Central (BC), a Selic serve de referência para empréstimos, financiamentos e também investimentos.

Depois do último corte da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o BC disse, em comunicado à imprensa, que "o conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira".

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Rendimento

No atual cenário, os investidores podem buscar aplicações que, com os juros em queda, rendem mais do que investimentos tradicionais como, por exemplo, a caderneta de poupança e fundos DI com altas taxas de administração (acima de 1% ao ano). Além disso, será preciso aprender a se arriscar mais em busca de melhores rendimentos.

Uma das opções para aumentar o potencial de valorização dos investimentos é a diversificação, alocando recursos em ativos variados, com diferentes níveis de risco e de prazos para resgate, a depender do perfil de cada investidor. "Mesmo o investidor mais conservador poderá investir mais em títulos do Tesouro, no CDI ou até em ações listadas na Bolsa, já que a taxa de juro mais baixa proporciona um ambiente mais favorável para essas empresas", diz Eleutério.

A recomendação é que as aplicações sejam feitas conforme objetivos pré-definidos, de curto, médio e longo prazo, sendo os investimentos de curto prazo os mais conservadores, com menor volatilidade, e os de longo prazo aqueles mais arriscados, mas com maior potencial de retorno ao longo do tempo. "O mais recomendável é que o investidor busque orientação de profissionais do mercado, que conheçam a realidade dos investimentos, principalmente para adequar as metas do investidor aos produtos financeiros mais condizentes com seus propósitos", alerta o economista Allisson Martins.

Perfil

De acordo com o analista-chefe da Rico Investimentos, Roberto Indech, antes de movimentar suas finanças, é preciso saber qual o seu perfil de investidor. Nos bancos, existe um questionário disponível para qualificar se o cliente é um potencial investidor conservador, moderado ou agressivo. A seguir, é preciso traçar um objetivo, com os melhores planos para o dinheiro render de forma adequada. "Tem algumas questões que coloco sempre, como olhar prazos de investimento. Outra, é ter um objetivo. Se quer comprar um carro, casa, se quer buscar patrimônio pensando na aposentadoria, faculdade para seu filho. Tudo isso tem de ser colocado antes de buscar qualquer tipo de investimento", afirma.

Correndo mais risco

Para quem tem recursos na poupança, não é preciso se arriscar muito para buscar mais de rentabilidade, já que é possível migrar para aplicações também conservadoras como fundos de investimento de renda fixa, CDBs ou títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto, que oferecem retorno melhor do que a caderneta. Para quem já aplica em alguma dessas opções, é possível pesquisar no próprio banco alternativas de CDBs ou fundos de renda fixa com rendimento mais alto ou melhores taxas.

"Com a queda da Selic, que repercute na rentabilidade de inúmeros produtos financeiros, os investidores se deparam com um novo cenário, que requer, necessariamente, calma, inteligência e um pouco de arrojo", diz Allisson Martins. "Ainda assim, investimentos em tesouro direto, CDB de grandes bancos, entre outros produtos, continuarão com suas vantagens a depender de cada perfil de investidor, e outros produtos podem rentabilizar de forma mais ativa".

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