Ceará apresenta 10ª maior evolução do País em índice de liberdade econômica, aponta estudo

Especialistas destacam iniciativas públicas como fatores de melhoria, além de destacar papel da iniciativa privada

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.com.br
Legenda: Segundo especialistas, índice de liberdade econômica no Ceará deve continuar melhorando após a pandemia de covid, caso a vacinação siga avançando
Foto: Foto: José Leomar

O Ceará vem criando um ambiente econômico de incentivo ao empreendedorismo, mas ainda pode avançar alguns mecanismos para melhorar a atividade empresarial. De acordo com o Índice Mackenzie de Liberdade Econômica Estadual (IMLEE), da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o Estado apresentou a décima maior evolução entre 2014 e 2018, e passou a ocupar a 11ª colocação no ranking geral de unidades da Federação. 

Apesar da evolução nos últimos anos, o próprio estudo aponta haver espaço para melhoria do cenário econômico brasileiro. 

"É sempre bom lembrar que o índice mede o grau de liberdade econômica de unidades da
Federação dentro de um país cujo contexto de liberdade econômica é baixo. Ou seja, mesmo que uma determinada unidade da Federação esteja numa boa posição no ranking, ainda assim as condições gerais de se fazerem negócios e empreender no Brasil são ruins", afirma o texto. 

Em relação ao índice geral de liberdade econômica da Mackenzie, o Ceará ficou atrás do Amapá (7,71), Paraíba (7,77), Goiás (7,84), Alagoas (7,86), Rio de Janeiro (8,01), Rondônia (8,09), Pará (8,20), Espírito Santo (8,34), São Paulo (8,45), e Roraima (8,92). 

O Centro de Liberdade Econômica Mackenzie ainda aponta que todos os estados sofreram uma piora dos níveis avaliados para o ambiente de negócios durante a crise, com retrações entre 2015 e 2016. Contudo, o índice de liberdade voltou a melhorar em 2018. 

"O que se pode observar é que, em geral, as notas das UFs (estados) caíram nos anos de recessão (2015-2016), agravando o ambiente local de negócios – muito disso é explicado pela queda na renda", afirma o estudo.

"Em 2018, a maior parte das unidades federativas aumentou suas notas e, portanto, passoiu a contar com melhor ambiente de negócios. Entretanto, Amapá, Amazonas, Bahia e Maranhão tiveram desempenho inferior comparando-os com as notas de 2017", completa o texto. 

Cooperação estadual 

Segundo Wandemberg Almeida, conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), a melhora do nível de liberdade econômica no Estado é notória, e parte dessa evolução pode ser representada pelo maior número de empresas criadas no mercado local e pelo aumento na formalização desses negócios. 

Parte do cenário, segundo Almeida, pode ser explicado pelas iniciativas do Poder Público e pelos projetos de incentivo organizados pelo Governo do Estado. 

Temos visto uma formalização maior e uma criação maior de empresas, então podemos notar as políticas públicas para a melhoria dessa questão. Mas sabemos que o Estado ainda tem muito a percorrer. Temos de dar crédito ao Governo do Estado por algumas dessas melhorias até para incentivar a formalização de algumas empresas. A nota do Ceará melhorou muito e acredito que ainda vamos melhorar mais ainda no futuro", disse.
Wandemberg Almeida
conselheiro do Corecon-CE

Investimentos em infraestrutura

A opinião é corroborada por Raul Santos, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef), que ressaltou a importância das melhorias geradas pelo Governo do Estado em projetos de infraestrutura. 

Santos explicou que os investimentos feitos no setor, em todo o Ceará, ajudam a melhorar o ambiente econômico, possibilitando mais estabilidade para os empresários e as novas empresas.

O vice-presidente do Ibef ainda comentou que há uma expectativa de que, apesar dos impactos negativos, a liberdade econômica do Ceará continue sendo impulsionada ainda mais após a pandemia da Covid-19, caso o processo de vacinação continue avançando. 

A liberdade econômica é importante para poder gerar um volume de empreendedorismo maior. O Governo tem evoluído em questões de infraestrutura, com exemplos dos cabos de fibra ótica, o hub do Pecém, o hub aéreo e outros. A pandemia atrapalhou um pouco a iniciativa de atração de investimentos, mas a tendência é que isso caminhe melhor com o avanço da vacinação", disse. 
Raul Santos
vice-presidente do Ibef

Ambiente municipal

Além dos investimentos em infraestrutura feitos pelo Governo do Estado ou pelas parcerias do Poder Público com a iniciativa privada, Raul Santos ainda ressaltou o empenho da Prefeitura de Fortaleza em melhorar o ambiente econômico na Capital. 

O vice-presidente do Ibef mencionou projetos de desburocratização na emissão de alvarás de funcionamento, assim como na liberação de licenças ambientais. 

"A Prefeitura também tem colaborado para essa evolução da liberdade econômica local, e a gente pode citar o alvará eletrônico, assim como a questão das licenças ambientais ao nível municipal. Ainda temos de evoluir, claro, a parte burocrática e de impostos, mas isso passa pela Reforma Tributária no Congresso Nacional", disse.

Colaboração do mercado

Contudo, Santos comentou que o Poder Público precisa estar atento às demandas da classe empresarial, aliando interesses buscando melhorar o ambiente econômico e destravar novos investimentos ou a abertura de empresas. 

Ele comentou que as entidades de classe precisam manter um diálogo constante com Estado e Prefeitura para deixarem claras as demandas e projetos necessários para a iniciativa privada, mantendo sempre uma postura sensata para não gerar impactos negativos na arrecadação pública.

A iniciativa privada, pelas entidades de classe, têm de expor ideias e mostrar o que pode ser melhorado, mas com bom senso, porque o Estado precisa manter a arrecadação para manter os serviços públicos. Temos vários exemplos de empreendedorismo no Estado, com várias empresas abrindo capital na Bolsa. Mas esse diálogo entre iniciativa privada e Estado é o que pode gerar boas experiências", disse. 
Raul Santos
vice-presidente do Ibef

"Os órgãos públicos precisam se aproximar dos empresários para entender as dificuldades, principalmente dos microempreendedores, porque eles é que movimentam a economia", completou Santos.

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