Bolsa cai e dólar sobe com incerteza fiscal e fragilidade de Guedes

O Ibovespa recuou 1,73%, a 99.595 mil pontos, menor patamar desde 13 de julho e o dólar subiu 1,190%, cotado a R$ 5,4960, maior valor desde 22 de maio

Escrito por Folhapress ,
Legenda: A leitura do mercado é que o aumento de popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode levar a um furo no teto de gastos, contrariando o ministro Paulo Guedes (Economia), cuja saída do governo também é alvo de especulação
Foto: Divulgação/B3

A Bolsa de Valores brasileira tem forte queda na tarde desta segunda-feira (17) com o temor de investidores com a situação fiscal do país. A leitura do mercado é que o aumento de popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode levar a um furo no teto de gastos, contrariando o ministro Paulo Guedes (Economia), cuja saída do governo também é alvo de especulação.

O Ibovespa recuou 1,73%, a 99.595 mil pontos, menor patamar desde 13 de julho. O dólar subiu 1,190%, a R$ 5,4960, maior valor desde 22 de maio, quando a moeda americana estava a R$ 5,57.

O real tem a segunda maior desvalorização entre todas as moedas do mundo na sessão, atrás apenas do tugrik da Mongólia, e os juros futuros operam em alta. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 sobe 0,27% e o Nasdaq, 1%. Dow Jones recua 0,31%.

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na noite de quinta (13), Bolsonaro (sem partido) está com a melhor avaliação desde que começou o seu mandato.

"Ele pode se ver mais forte, tomar mais decisões por conta própria e se utilizar dos gastos. Com o aumento de popularidade, ele pode ser quem ele é de fato, o que preocupa o mercado com a questão fiscal porque dá margem para o presidente agir com menos rigor técnico", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos
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Animado com o aumento da popularidade, o presidente tem cobrado de Guedes uma postura menos resistente ao aumento de gastos públicos, com foco em obras e benefícios sociais. Nesta segunda, a equipe do ministro teve mais uma baixa.

O subsecretário de Política Macroeconômica, Vladimir Kuhl Teles, deixou o cargo. Após os pedidos de demissão dos secretários especiais Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização), Guedes reconheceu uma debandada da sua equipe.A saída de Teles, contudo, não vem na esteira desse último movimento.

Segundo a assessoria de imprensa do ministério, o pedido se deu por uma situação pessoal e a partida já estava combinada previamente para ocorrer em agosto. Em julho, deixaram o governo o então secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, e o diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda, Caio Megale. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, também pediu demissão.

Antes disso, o então secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, havia saído do cargo para assumir, em maio, a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics. "O entendimento do mercado é que as perdas da semana passada até que foram boas. Estávamos vendo um desgaste, especialmente na saída do Mattar, o que dá um fôlego na pasta de privatização", diz Abertman.

Por outro lado, parte do mercado teme que o movimento seja uma fragilização do ministro, que também estaria de saída do governo.

"A saída dos secretários tem sinalizado que as políticas que foram propostas no início do governo, de controle fiscal, desburocratização, e livre mercado, talvez, não sejam a política que está sendo adotada hoje no governo e que, mesmo que estejamos passando por um período complicado, talvez não venha a se concretizar nos próximos anos também", diz Igor Cavaca, analista da Warren Investimentos.

"O risco de desrespeitar o teto dos gastos, junto com a saída de vários integrantes da equipe do Guedes gera um cenário de desconforto no mercado, que já aventa até quando o ministro aguenta", diz Rodrigo Moliterno, sócio de Veedha Investimentos.

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