Bicudo prejudicou a cotonicultura no NE

Escrito por Redação ,
Após a praga que assolou o Nordeste, tirando a Bahia, a produção se intensificou na região Centro-Oeste

O problema não é apenas cearense. O Nordeste como um todo não conseguiu se restabelecer após a praga com bicudo. Rio Grande do Norte, Paraíba e sobretudo Pernambuco, que tinham uma cotonicultura expressiva, também não repetem o desempenho de décadas passadas. A exceção é a Bahia, que concentra sua produção no oeste do estado. Apesar de oscilante nos números, mantém liderança isolada na região: 247 mil hectares de área cultivada de produção de 317 mil toneladas de plumas.

De modo geral, o ´ouro branco´ escorreu para o Centro-Oeste, especialmente para o Mato Grosso e, em menor escala, Goiás — estados que pouco representavam há trinta anos. O boom de produção no cerrado brasileiro veio no final da década de 90. ´Para eles, foi fácil porque já estavam acostumados com o plantio da soja´, diz Luiz Paulo de Carvalho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A produtividade é elevada, 3,42 mil quilos por hectare, e a previsão é de alta. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) — ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) — estima que chegue a 3,6 mil quilos. No Ceará, é bem menor, ficando em torno de 630 quilos por hectare.

O grande diferencial competitivo do Centro-Oeste é o nível tecnológico, com produções extensas e altamente mecanizadas. Por conta disso, estados que sofreram grandes reduções em suas áreas, como São Paulo e Paraná, mesmo assim mantêm uma produtividade alta. É o oposto do Ceará, onde dominam as pequenas propriedades rurais familiares e cuja produtividade nunca foi o forte. ´Aqui, resiste quem usa tecnologia´, atenta Roberto Virgínio e Sousa, gerente do Programa de Algodão do Ceará (Proalce), da Secretaria da Agricultura (Seagri). As sementes de padrão genético adaptado são capazes de produzir até 2 mil kg/ha, bem menos do que as regiões de ponta.
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