A situação de abastecimento dos postos de combustíveis do Ceará está normalizada. "Perto de 100% dos postos do Estado estão normais. A situação mais crítica é no Cariri porque os postos de lá recebem combustível de Suape. Mas até esta segunda (28) estará tudo normalizado", afirmou o assessor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos), Antônio José Costa. Entretanto, a paralisação de 72 horas dos petroleiros, na próxima quarta-feira (30), pode agravar a crise de abastecimento em todo o País, inclusive no Ceará.
Segundo Emanuel Menezes, da diretoria executiva do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo (Sindipetro CE/PI), o efeito no abastecimento de combustíveis é imediato. "Essa paralisação ainda vai ser definida, mas a ideia é apoiar essa greve dos caminhoneiros no que diz respeito do que essa paralisação vai surtir de efeito. A depender da adesão dos petroleiros cearenses diversos setores vai ser impactados e os efeitos serão imediatos. A gente espera um alto impacto em um curto intervalo de tempo".
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Reivindicações
Conforme o diretor do Sindipetro CE/PI, uma das reivindicações é a saída do atual presidente da Petrobras, Pedro Parente. "Com a saída de Parente nós esperamos o fim das vendas das nossas unidades e isso impacta diretamente no preço e na dependência do País de empresas estrangeiras. Outro efeito que nós esperamos é a mudança na política de preços da Petrobras, que é bastante danosa para a sociedade", disse.
Em nota, o Sindipetro informou que "atual política de reajuste dos derivados de petróleo, que fez os preços dos combustíveis dispararem, é reflexo direto do maior desmonte da história da Petrobras. Os culpados pelo caos são Pedro Parente e Michel Temer, que, intensifica a crise ao convocar as força armadas para ocupar as refinarias. A FUP repudia enfaticamente mais esse grave ataque ao Estado Democrático de Direito e exige a retirada imediata das tropas militares que estão nas instalações da Petrobras". "A greve de advertência é mais uma etapa das mobilizações que os petroleiros vêm fazendo na construção de uma greve nacional por tempo indeterminado. Os eixos principais do movimento são a redução dos preços dos combustíveis, a manutenção dos empregos, a retomada da produção das refinarias, o fim das importações de derivados de petróleo, não às privatizações e ao desmonte da Petrobras e a demissão de Pedro Parente da presidência da empresa", acrescentou a nota do Sindicato dos petroleiros.
Ações
Também em nota, o Sindipetro afirmou que ainda ontem, os petroleiros fizeram novos atrasos e cortes de rendição em quatro refinarias e fábricas de fertilizantes que estão em processo de venda: Rlam (BA), Abreu e Lima (PE), Repar (PR), Refap (RS), Araucária Nitrogenados (PR) e Fafen Bahia.
"Na segunda-feira (28), a FUP e seus sindicatos realizarão um Dia Nacional de Luta, com atos públicos e mobilizações em todo o Sistema Petrobras, denunciando os interesses que estão por trás da política de preços de combustíveis, feita sob encomenda para atender o mercado e as importadoras de derivados. A gestão entreguista de Pedro Parente está obrigando a Petrobras a abrir mão do mercado nacional de derivados para as importadoras", afirmou.
A nota ainda informou que o número de importadoras de derivados quadruplicou nos últimos dois anos. "Em 2017, o Brasil foi inundado com mais de 200 milhões de barris de combustíveis importados, enquanto as refinarias estão operando com menos de 70% de sua capacidade".
Pouco impacto
Na opinião de Bruno Iughetti, especialista em Petróleo e Gás, o movimento de paralisação dos petroleiros não tende a ampliar a crise de abastecimento. "Não vejo ambiente e nem condições para que isso realmente assuma proporções que estamos verificando com a greve dos caminhoneiros. Eu não tive condições de ver o manifesto deles, mas não encontro motivo para que haja um movimento em vista porque o governo, bem ou mal, já firmou uma pauta e disse quais são as condições e não faz sentido agora uma pauta dos petroleiros", acrescentou. Iughetti também afirmou que a paralisação dos petroleiros não deve prejudicar o abastecimento.
"A situação de disponibilidade de gasolina e diesel estará normalizada. Não vejo problema no abastecimento no início desta semana".