Inflação desacelera em Fortaleza e chega a 0,08%

Índice perdeu força em abril, mas no acumulado em 12 meses ainda representa a maior taxa do País

Após subir 0,66% em março deste ano, a inflação oficial em Fortaleza medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou em abril para 0,08%, influenciada pela energia elétrica e pela queda nos preços de alguns alimentos. A taxa é a menor desde agosto de 2014, quando o índice havia registrado leve variação de 0,07%. Os dados foram divulgados ontem (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Entre as regiões metropolitanas monitoradas pela Instituição que registraram alta no último mês, a taxa de Fortaleza é a menor. Quatro locais apresentaram deflação em abril: Salvador (-0,22%); Campo Grande (-0,13%); Belo Horizonte (-0,08%) e Curitiba (-0,05%). A média de Fortaleza também ficou abaixo da inflação nacional (0,14%). No ano (de janeiro a abril), a inflação acumula avanço de 1,66%. Já nos últimos 12 meses, o IPCA da RMF subiu 5,86% e segue como a taxa mais expressiva do País, bem acima da média nacional, que ficou em 4,08% no período.

Energia elétrica

A desaceleração foi influenciada, principalmente, pela deflação do item energia elétrica, que registrou queda de 9,44% em abril ante março. A redução é resultado dos descontos concedidos aos consumidores pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para compensar a cobrança indevida feita durante o ano de 2016 referente a um repasse a usina Angra III. A energia não chegou a ser usada porque a usina não entrou em operação.

Também apresentaram queda no mês os subitens mamão (-9,26%); excursão (-7,62%); melancia (-7,29%) e laranja-pêra, com queda de 6,85%, de acordo com o IBGE. Impediram uma desaceleração maior da inflação em Fortaleza as altas no preço do tomate (26,95%); da batata-inglesa (23,27%); dos tubérculos, raízes e legumes em geral, que subiram 15,69%; do maracujá (13,09%) e das passagens aéreas (8,91%). Em contrapartida, deflacionaram energia elétrica (-9,44%); mamão (-9,26%); excursão (-7,62%); melancia, cujo preço retraiu 7,29% e laranja-pêra, com queda de 6,85% em abril ante março.

No ano, as altas mais expressivas foram observadas no preço do tomate (37,20%); da banana-prata (33,79%), da laranja-pêra (22,50%); da cenoura (18,43%) e do subitem ônibus urbano (17,80%). As principais quedas ficaram por conta do feijão-carioca (-29,18%); maçã (-17,62%); mamão (-16,58%); ônibus interestadual (-9,80%) e açúcar cristal (-9,19%).

'Estagnação'

Para o economista Ricardo Eleutério, a desaceleração da inflação em Fortaleza e no País é uma boa notícia, apesar de ser fruto da recessão. Isso porque, com o menor ritmo de alta dos preços, menor é a corrosão do salário real do trabalhador. "Estamos no caminho para essa desaceleração do processo inflacionário e infelizmente esse processo se deve, em grande parte, à recessão", explica.

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O tomate foi a maior alta do mês (26,95%) e do ano (37,20%), impedindo uma desaceleração maior do índice medido pelo IBGE

Por outro lado, ele relembra que Fortaleza ainda vem se destacando como a "campeã" de inflação no Brasil. "A medida que a taxa de desemprego continua elevada, nesse ambiente fica difícil para os trabalhadores conseguirem aumentos nominais e a inflação, combinada a esse ambiente adverso, corroi ainda mais a renda".

De acordo com ele, com essa pequena variação, o que fica tipificado é que a estagnação permanece. "A gente sai do quadro profundo de queda, mas fica em uma estagnação. Estamos vivendo aí uma crise política que ainda deve enfrentar muitos capítulos e que emoldura o cenário econômico", explica, relembrando que a Operação Lava Jato vem influenciando muito a economia. "O elemento político é bastante significativo para explicar a economia".

Ritmo menor

"Estamos no caminho para a desaceleração da inflação e, infelizmente, isso se deve, em grande parte, à recessão"

Ricardo Eleutério
Economista

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