Ford deve concluir venda de fábrica da Troller no Ceará em junho

Um dos investidores interessados na montadora esteve no Ceará na semana passada e compareceu a reuniões com o Banco do Nordeste e com o Governo do Estado

Após seis meses do anúncio da saída da Ford do Brasil, a venda da Troller deve se concluída ainda neste mês de junho. A empresa negocia com pelo menos quatro investidores, dos quais dois estão com vantagem na disputa.

Conforme o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado (Sedet), Maia Júnior, que atua como articulador nas tratativas, um dos interessados esteve no Ceará na semana passada, visitando a fábrica, bem como o Banco do Nordeste e a própria Sedet.

"Um dos investidores esteve aqui, relatou as ideias do projeto, está firme. A Ford indicou que quer concluir o processo até o fim desse mês de junho", afirmou.

Segundo o secretário, os concorrentes são todos nacionais e nenhum possui atuação no ramo automobilístico.

Conforme adiantado pelo Diário do Nordeste, um dos interessados na Troller é Alexandre Negrão, automobilista e ex-CEO da Aeris Energy, fábrica de pás eólicas localizada no distrito do Pecém.

Manutenção dos empregos

Maia Júnior reforçou que o interesse do Governo do Estado nas tratativas é garantir a manutenção da fábrica, dos empregos gerados e que o comprador agregue valor à marca e aos produtos. A montadora gera cerca de 470 postos de trabalho diretos.

O secretário detalha que o projeto do investidor com relacionamento mais próximo ao Governo do Estado atende a esses objetivos.

"Ele acena que está na disputa, muito interessado. E se vier a comprar irá agregar valor ao projeto, vai realizar novos investimentos, melhorar o portfólio, a tecnologia da fábrica"
Maia Júnior
Secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho

A expansão do leque de veículos produzidos se daria através do viés renovável, com carros híbridos e elétricos, mas sem deixar a base atual.

O potencial investidor também pretende reformular a base de peças utilizadas e de fornecedores na tentativa de diminuir o grau de importação dos insumos.

Saída da Ford

Mesmo sem um comprador, as operações na montadora da Troller devem continuar até 31 de dezembro.

As tratativas para a venda da fábrica iniciaram logo após o anúncio da Ford de encerrar as atividades no Brasil, realizado em 11 de janeiro. A venda é a alternativa para que a planta não feche definitivamente.

A decisão da Ford interrompeu imediatamente as atividades em Camaçari (BA), onde eram produzidos os modelos Ka e EcoSport. A unidade de Taubaté (interior de São Paulo), que fabricava motores e transmissões, também parou logo após o anúncio.

A Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas decorrentes por conta do anúncio do fechamento das fábricas no País.

Histórico da Troller

Inaugurada no fim da década de 1990 no município de Horizonte, a marca cearense Troller recebeu investimentos de aproximadamente R$ 18,5 milhões, gerando inicialmente 315 empregos diretos e 1,26 mil indiretos.

Em 2005, a marca realizou investimentos de R$ 30 milhões no desenvolvimento de novos veículos e motores, bem como na expansão da fábrica, que triplicou de tamanho e passou a contar com uma pista de testes de 100 mil metros quadrados.

Passando por dificuldades financeiras, a unidade foi vendida para a Ford em 2007 após um ano de negociações, que realizou um conjunto de investimentos no Brasil. Depois da aquisição, a produção da fábrica passou de 80 unidades para 150 por mês, um crescimento de 87% em quatro anos.

Segundo estimativa do então governador Cid Gomes, a Troller recebeu cerca de R$ 400 milhões em investimentos da Ford entre 2007 e 2011, o suficiente para ampliar em 1% o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, que girava em torno de R$ 39 bilhões antes dos aportes.

Os recursos foram aplicados na expansão da produção dos veículos, na marca da empresa cearense e em estudos de novos mercados.

Em 2012, a Ford solicitou a Superintendência Estadual de Meio Ambiente (Semace) licença de instalação para ampliação dos galpões. O objetivo foi expandir a produção de veículos e utensílios.