Compra da Amil em negociação

São Paulo Depois de oito meses de conversas, avançou a negociação para venda do controle da Amil para a United Health, maior operadora de planos de saúde dos Estados Unidos. Os americanos fizeram proposta para comprar cerca de 80% da empresa brasileira, que tem valor de mercado de aproximadamente R$ 9 bilhões.

Pela proposta que estava em discussão ontem, Edson de Godoy Bueno, fundador da Amil, continuaria à frente da empresa. Advogados e assessores financeiros das duas companhias combinaram continuar as negociações ao longo deste fim de semana, na tentativa de acelerar o fechamento do negócio.

Segundo fontes envolvidas na operação, a United Health teria superado propostas de uma empresa europeia e de outra chinesa, além de um fundo de private equity. Procuradas pela reportagem, Amil e United Health responderam por e-mail que "não comentam especulações".

Empresa

Criada por Bueno a partir da compra de uma clínica médica falida em Duque de Caxias, no subúrbio do Rio, a Amil é hoje a maior empresa brasileira do setor de medicina de grupo, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Atende mais de 5,5 milhões de pessoas em sete Estados e no Distrito Federal, e administra uma rede credenciada com mais de 3,5 mil hospitais, 57,7 mil clínicas e 12,8 mil laboratórios e centros de imagem, de acordo com o site empresa na internet.

Nos últimos dez anos o grupo cresceu fortemente, apoiado numa política agressiva de aquisições que incluiu a compra de concorrentes como a Medial, a Amico Saúde, a carteira de clientes pessoas físicas da Porto Seguro e a Blue Life, entre outras.

A United Health, por sua vez, é uma gigante com mais de 35 milhões de clientes e, assim como a Amil, nos últimos anos cresceu comprando concorrentes nos Estados Unidos.

Caso a venda do controle da Amil para a empresa americana seja realmente concretizado, a rede própria de hospitais da Amil poderá acabar ficando fora do negócio.

"Existe uma vedação (proibição) constitucional à participação direta ou indireta de empresas ou capital estrangeiro em qualquer empresa brasileira de assistência à saúde, ou seja, hospitais e clínicas médicas", explica a advogada Elysangela Zorzo, sócia na área de Saúde do escritório TozziniFreire Advogados, em referência ao dispositivo 199 da Constituição Federal.