1,2 mil lojas fecharam as portas no Ceará em 2015

Escrito por Redação ,

Rio de Janeiro/Fortaleza. O cenário de recessão econômica nacional acarretou em queda nas vendas do varejo e fez com que 1.248 estabelecimentos comerciais no Ceará encerrassem suas atividades em 2015. No comparativo entre a quantidade de lojas em atividade no ano passado e em 2014, houve diminuição de 7,4%. Entretanto, o resultado cearense representa, juntamente com o constatado no Acre (-7,4%), a sexta menor retração dentre os 26 estados do País e o Distrito Federal.

Os dados foram divulgados ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). "Nós observamos que não são só pequenos (empreendedores) que estão sofrendo com esse momento econômico do País. Grandes grupos de bandeiras nacionais também tiveram fechamento de lojas no Ceará", diz o presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola.

A mudança para o cenário neste ano, segundo ele, depende fundamentalmente de uma alteração na postura atual do governo federal. "A questão da credibilidade é o principal fator para o mercado. O investimento, inclusive de grandes grupos, ficam com o pé atrás (diante desse cenário). O governo tem de tomar posicionamentos mais sérios em relação a uma economia. Quando as empresas estão em um momento de crise, elas buscas reduzir custos, e a gente não está observando isso na administração federal", defende ele.

Nacional

Segundo os dados da CNC, o cenário de recessão fez quase 100 mil lojistas encerrarem as atividades no País no ano passado. O resultado foi atribuído à queda no volume das vendas no varejo, que deve ter registrado no ano passado o pior desempenho dos últimos 15 anos.

O estudo da Confederação Nacional mostra, ainda, um fechamento líquido de 95,4 mil lojas com vínculo empregatício no ano passado, uma retração de 13,4% nos estabelecimentos comerciais que empregam ao menos um funcionário.

"Foi um ano ruim, e esse dado chama a atenção não só por ser ruim, mas também por ser um comportamento mais drástico do empresário. Baixar as portas em definitivo significa que ele jogou a toalha. O dado se caracteriza pela generalização da crise", avalia o economista Fabio Bentes, da CNC.

De acordo com o especialista, os varejistas podem continuar investindo em liquidações neste ano, a exemplo do que ocorreu no ano passado, e negociando melhores preços com os fornecedores. "O varejista deve procurar sentar com a indústria nacional e negociar preço, porque é algo que pode ajudar os dois. Então, resta isso: negociar estoque e ficar de olho em taxas de juros, um dos vilões do ano de 2015. Do ponto de vista do empresário, é hora de tomar capital de giro, verificar e pesquisar as taxas de juros mais baixas", salienta Bentes.

Segmentos

Todos os segmentos do varejo registraram queda no número de lojas, mas os mais prejudicados foram os ramos mais dependentes das condições de crédito: materiais de construção (-18,3%), informática e comunicação (-16,6%) e móveis e eletrodomésticos (-15,0%). As menores retrações foram registradas nos setores de farmácias e perfumarias (-11,2%), hiper e supermercados (-11,3%) e combustíveis e lubrificantes (-12,4%).

Em termos absolutos, o setor de hipermercados, supermercados e mercearias foi o que registrou a maior redução no número de lojas: 25,6 mil estabelecimentos foram fechados durante o ano passado.

O setor reponde por um em cada três pontos comerciais do País, lembrou a CNC. Os segmentos de supermercados e de vestuário e acessórios responderam por quase metade (45,0%) das lojas que encerraram as atividades em 2015.

Apenas Roraima não registrou recuo no número de lojas. Espírito Santo foi, proporcionalmente, o local mais afetado (-18,5%), seguido pelos estados do Amapá (-16,6%) e Rio Grande do Sul (-16,4%).

São Paulo (-28,9 mil), Minas Gerais (-12,5 mil) e Paraná (-9,4 mil) responderam, juntos, por mais da metade (53,3%) da queda no número de estabelecimentos no ano passado.

Unidades

Maiores quedas

Espírito Santo: -18,5%
Amapá: -16,6%
Rio Grande do Sul: -16,4%
Sergipe: -16,3%
Minas Gerais: -16,3%
Paraná: -16,2%
Alagoas: -15,7%
Distrito Federal: -15,6%
São Paulo: -14,3%

Menores quedas

Tocantins: -1,4%
Amazonas: -3,8%
Piauí: -5,2%
Paraíba: -5,5%
Pará: -6,0%
Acre: -7,4%
Ceará: -7,4%
Rondônia: -8,6%

Alta

Roraima: 16,4%

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