Veja cinco votações na América do Sul para ficar de olho em 2020

Em outubro, no Brasil, ocorrerão as eleições municipais

Escrito por Daniel Avelar - Folhapress ,

Após atravessar um período de turbulência política no final de 2019, a América do Sul se prepara para um ciclo eleitoral intenso neste ano que se inicia. Há eleições programadas para diferentes esferas de governo e até mesmo um plebiscito sobre uma nova Constituinte, em votações que devem testar a vitalidade das instituições democráticas em vários países da região.

Veja as cinco principais votações que ocorrerão na América do Sul em 2020:

1. Eleições legislativas extraordinárias no Peru - 26 de janeiro
O Peru abrirá o calendário eleitoral sul-americano neste domingo (26) com eleições legislativas extraordinárias. O pleito será realizado quase quatro meses depois de o presidente Martín Vizcarra anunciar o fechamento do Congresso, medida controversa adotada em resposta aos esforços da oposição fujimorista para emplacar juízes alinhados a seu projeto político no Tribunal Constitucional do país.

A votação será um teste da força política de Keiko Fujimori, líder da oposição e filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000), que deixou a prisão em novembro após passar 13 meses detida por envolvimento no escândalo de corrupção do grupo Odebrecht. Ela, que não é candidata nestas eleições, busca manter uma bancada numerosa no Congresso para chegar com mais força na disputa presidencial de 2021.

2. Plebiscito sobre Constituinte no Chile - 26 de abril
Após uma onda de protestos que deixou mais de 20 mortos desde outubro, o Chile vai às urnas em abril para decidir se quer uma nova Constituição - a carta atual data do período da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990).

No plebiscito, também será decidido o modelo de confecção da nova Constituição, caso os eleitores optem de fato por trocá-la: se por meio de uma Assembleia Constuinte eleita exclusivamente por voto direto ou se por um modelo em que o Congresso também eleja representantes para participar do processo. Qualquer que seja o resultado, a votação deverá entrar para os livros de história do país.

3. Reedição da eleição presidencial na Bolívia - 3 de maio
Já em maio, a Bolívia realizará um repeteco das eleições presidenciais de outubro, que foram anuladas após suspeitas de fraude em um processo que culminou na renúncia do então presidente Evo Morales sob pressão das Forças Armadas.

A votação decidirá o futuro do país, que desde então é governado interinamente pela presidente autoproclamada, Jeanine Añez. Morales está proibido de concorrer novamente ao cargo, e seu partido MAS (Movimento ao Socialismo) recentemente anunciou a candidatura presidencial de Luis Arce, ex-ministro da Economia.

4. Eleições municipais no Brasil - 4 e 25 de Outubro
Eleitores dos 5.564 municípios brasileiros vão às urnas em 4 de outubro para escolher novos prefeitos e vereadores. Moradores de cidades com mais de 200 mil eleitores poderão ser convocados novamente no dia 25 do mesmo mês caso haja necessidade de eleição em segundo turno.

A votação será o primeiro teste nas urnas de Jair Bolsonaro desde que ele foi eleito presidente, em outubro de 2018. O mandatário, que abandonou o PSL, partido pelo qual foi eleito, agora tenta para criar uma nova agremiação, a Aliança pelo Brasil, a tempo de lançar candidatos a prefeituras em todo o país. Um êxito de Bolsonaro ajudaria a consolidar o domínio da direita no maior país da região.

5. Eleições legislativas na Venezuela - 6 de dezembro
No fim do ano, a Venezuela realizará eleições para a Assembleia Nacional, que é a última instituição democraticamente eleita no país. O pleito deverá acirrar a disputa entre o presidente Nicolás Maduro e o presidente autoproclamado Juan Guaidó, que lidera a oposição.

É improvável que a votação ocorra de maneira justa, visto que Maduro recrudesceu o controle sobre as instituições do país após a vitória da oposição nas eleições legislativas de 2015. Desde então, não foram realizadas eleições livres no país. A Venezuela vive uma grave crise econômica que já levou mais de 4 milhões de pessoas a fugirem do país.