Trump admite ter enviado Giuliani à Ucrânia para obter informações sobre adversários

A admissão ocorre exatamente uma semana após Trump ser absolvido no processo de impeachment, que se concentrou na acusação de que ele teria abusado de seu cargo ao pressionar Kiev a reabrir uma investigação envolvendo o democrata Joe Biden

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Trump negou em diversas ocasiões ter ordenado que Giuliani viajasse à Ucrânia para obter informações que comprometessem Joe Biden
Foto: AFP

O presidente americano, Donald Trump, voltou atrás em declarações anteriores nesta quinta-feira (13) e admitiu ter enviado seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, à Ucrânia com o objetivo de coletar informações que pudessem prejudicar seus adversários políticos.

Durante entrevista ao podcast "Roadkill with Geraldo", o jornalista Geraldo Rivera perguntou ao presidente republicano se ele não achava estranho o fato de ter enviado Giuliani, e se ele se arrependia da decisão. "Não, de forma alguma", respondeu Trump. Trump disse ainda que recorreu a Giuliani após ter tido uma "amostra muito ruim" da comunidade de inteligência dos EUA por causa da investigação envolvendo a Rússia. 

A admissão ocorre exatamente uma semana após o republicano ser absolvido no processo de impeachment, que se concentrou na acusação de que Trump teria abusado de seu cargo ao pressionar Kiev a reabrir uma investigação envolvendo o democrata Joe Biden.

Seu filho, Hunter Biden, atuou no conselho de administração de uma das maiores empresas ucranianas, a Burisma, enquanto seu pai era vice-presidente de Barack Obama.

A companhia chegou a ser investigada, mas o Departamento Nacional Anticorrupção da Ucrânia afirmou no fim de setembro de 2019 que o inquérito se limitou aos anos de 2010 e 2012, antes da participação de Hunter.

Trump negou em diversas ocasiões ter ordenado que Giuliani viajasse à Ucrânia para obter informações que comprometessem Joe Biden, visto à época como o pré-candidato democrata com as maiores chances de disputar o pleito deste ano contra Trump. "A minha escolha é esta: ou lido com os Comeys da vida, ou com Rudy", disse o presidente, referindo-se ao ex-diretor do FBI James Comey.

Comey foi demitido por Trump em maio de 2017. Ele chefiava investigações sobre integrantes da campanha de Trump e sua suposta ligação com a Rússia, além de supervisionar o inquérito sobre uso indevido de emails pela ex-secretária de Estado Hillary Clinton, que disputou a Presidência com Trump.

Trump negou em diversas ocasiões ter ordenado ou pedido que Giuliani fosse à Ucrânia, embora várias testemunhas ouvidas no processo de impeachment tenham descrito como o advogado se encontrou com ex-oficiais ucranianos em busca de informações comprometedoras sobre Joe e Hunter Biden.

Outras figuras importantes no processo descreveram como Giuliani e seus aliados pressionaram a Ucrânia a anunciar investigações sobre os Bidens.

Giuliani também foi mencionado por Trump durante o telefonema do americano com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que veio a público graças a uma denúncia anônima e serviu de ponto de partida para o processo de impeachment.