Irã se prepara para lançar novo satélite de observação científica

O chefe da Agência Espacial Nacional, Mortéza Bérari, informou que sua "principal missão será coletar imagens", enfatizando as necessidades do Irã nesta área, em particular para estudar e prevenir terremotos e desenvolver sua agricultura

Escrito por AFP ,
Legenda: Satélite Zafar
Foto: Reprodução/Twitter

O Irã lançará "nas próximas horas" um novo satélite de observação científica, como parte de um programa espacial que diz ser pacífico, mas que foi chamado de "provocação" pelos Estados Unidos.

Este lançamento tem como pano de fundo o aumento das tensões entre Teerã e Washington desde a retirada unilateral dos Estados Unidos, em maio de 2018, de um acordo sobre o programa nuclear iraniano, seguida pelo restabelecimento das sanções americanas contra a República Islâmica.

Washington também alertou no passado contra o programa espacial iraniano, considerando o lançamento por Teerã de um foguete carregado com um satélite em janeiro de 2019 de violação da resolução das Nações Unidas para limitar o desenvolvimento de suas capacidades balísticas.

"A contagem regressiva começou para o lançamento do #Zafar_ Satellite nas próximas horas", escreveu o ministro das Telecomunicações, Mohammad Javad Azari Jahromi, no Twitter.

O chefe da Agência Espacial Nacional, Mortéza Bérari, havia dito à AFP em 1º de fevereiro que a fabricação de Zafar "havia começado há três anos com a participação de 80 cientistas iranianos".

Pesando 113 quilos e capaz de circular a Terra 15 vezes por dia, o Zafar deve ser colocado em órbita a 530 km de altitude pelo lançador Simorgh, acrescentou Bérari, que disse que o satélite foi projetado para ser operacional "mais de 18 meses".

Sua "principal missão será coletar imagens", afirmou, enfatizando as necessidades do Irã nesta área, em particular para estudar e prevenir terremotos e desenvolver sua agricultura.

"Uso pacífico do espaço"

No passado, o Irã já havia conseguido colocar um satélite em órbita a 250 km da Terra. Enquanto o programa de satélites da República Islâmica preocupa os Ocidentais, Bérari disse que o Irã milita pelo "uso pacífico do espaço". "Todas as nossas atividades espaciais são transparentes".

Neste domingo (9), a Guarda Revolucionária, o exército ideológico do regime, também lançou um míssil balístico de curto alcance que, segundo ela, poderia ser impulsionado por um reator de "nova geração" projetado para colocar satélites em órbita.

"As conquistas reveladas hoje são a nossa chave para entrar no espaço", disse o general Hossein Salami, chefe da Guarda, revelando o míssil e o novo reator, equipado com um "bico móvel" permitindo "manobrabilidade além da atmosfera".

Em janeiro de 2019, Teerã fracassou em colocar em órbita seu satélite Payam, que as autoridades disseram ter como objetivo coletar dados ambientais.

O lançamento do foguete com o satélite foi descrito por Washington como "provocação" e uma violação da resolução 2231 do Conselho de Segurança, que insta o Irã a "não realizar atividades relacionadas a mísseis balísticos projetados para carregar cargas nucleares".

Afirmando que não tem planos de adquirir armas atômicas, Teerã garante que seus programas espaciais e balísticos são lícitos e de forma alguma violam a resolução da ONU.

Teerã confirmou em setembro que ocorreu uma explosão em uma das plataformas de lançamento de satélites devido a um problema técnico, e criticou o presidente dos EUA, Donald Trump, por tuitar "alegremente" sobre o incidente.

Neste domingo, respondendo a um tuíte perguntando o que o Irã faria se o lançamento de Zafar falhar, o ministro Jahromi disse: "Vamos tentar novamente". O lançamento de Zafar acontece dois dias antes do 41º aniversário da Revolução Islâmica e quase duas semanas antes das eleições legislativas.