Crise social se acirra na Colômbia após morte de jovem em protesto

Governo do presidente conservador Iván Duque fracassa em colocar um fim às manifestações de rua, que ganham força após policiais matarem um estudante de 18 anos durante um protesto. Nova greve geral é convocada

Escrito por Redação , mundo@verdesmares.com.br
Legenda: Morte do estudante Dylan Cruz, de 18 anos, contribuiu para ampliar a oposição dos jovens contra o Governo
Foto: Foto: AFP

Os líderes dos protestos na Colômbia convocaram a segunda greve geral em menos de uma semana em rejeição ao governo do conservador Iván Duque, que não consegue colocar fim à agitação social que deixou quatro mortos nas ruas em seis dias. "Todas as ações de mobilização acordadas estão mantidas", disse Diógenes Orjuela, presidente da Central Unitária dos Trabalhadores, um dos sindicatos mais poderosos do país.

O dirigente liderou, na sede presidencial, a primeira reunião entre o governo e alguns setores do protesto, que foi concluída sem acordos. Milhares de pessoas saíram às ruas desde a última quinta-feira, quando a convocação de uma greve nacional resultou na maior mobilização enfrentada por um governo, neste século na Colômbia.

Desde então, o barulho das panelas e as marchas se alternam com alguns episódios de repressão oficial. Na segunda, um estudante de 18 anos morreu depois de ter sido ferido no sábado pela força policial (Esmad). O caso de Dilan Cruz ampliou a oposição do movimento estudantil, que agora pede o desmonte da Esmad.

"Está claro que há uma decisão do governo nacional de reprimir e macarthizar o direito de protestar", disse Jennifer Pedraza, líder da universidade que faz parte do comitê.

Centenas de jovens se concentraram em frente ao hospital onde Cruz morreu onde realizaram uma manifestação em repúdio à ação da Polícia. E em outro ponto da cidade, houve um silencioso protesto. "Queremos o desmonte da Esmad, é uma entidade que reprime os protestos sociais e nos mata", disse Juan Guerra, um universitário de 19 anos.

Em sua maioria pacíficos, os protestos deixaram quatro mortos, cerca de 500 feridos entre civis, policiais e militares, além de 172 detidos e 60 venezuelanos expulsos por "vandalismo".

Impopular

Em meio à onda de protestos no continente, na Colômbia as ruas se voltaram contra Duque e seu governo impopular. Quase sete em cada dez colombianos desaprovam sua administração, segundo uma pesquisa do instituto Invamer.

Duque enfrenta um descontentamento. A Colômbia é o país mais desigual entre os 36 parceiros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tem um desemprego de 10,1%, e a informalidade do trabalho castiga quase 50% dos trabalhadores. Os colombianos também sentem o ressurgimento da violência do tráfico de drogas e o descumprimento ou atraso dos acordos de paz com as Farc, que já foram a guerrilha mais poderosa da América Latina e viraram um partido em 2017.

Cegueira no Chile

Um estudante universitário de 21 anos tornou-se o primeiro chileno a ficar totalmente cego por balas disparadas por policiais de choque durante protestos que ocorrem no país há mais de um mês. Gustavo Gatica, um estudante de psicologia, ficou ferido enquanto fotografava uma manifestação em 8 de novembro na Plaza Italia, centro dos protestos em Santiago, com 75 mil pessoas.

Delitos de Evo Morales

Evo Morales, que renunciou à presidência da Bolívia pressionado pelas Forças Armadas, disse, ontem, de seu exílio no México , que a Interpol teria emitido uma notificação azul contra ele por delitos que considera inexistentes. Morales disse que seria indiciado por uma dezena de delitos, entre eles o de “insurreição armada” e de financiar o “terrorismo”.