Chanceler russo critica ação dos EUA contra milícia radical na Síria

Sergei Lavrov acusou os Estados Unidos de "fazerem uso militar da força "para seus próprios interesses" e "rejeitar o princípio democrático de direito dos Estados à soberania"

Escrito por Folhapress ,

O chanceler russo, Sergei Lavrov, acusou, neste sábado (27), os Estados Unidos de fazerem uso militar da força "para seus próprios interesses" e "rejeitar o princípio democrático de direito dos Estados à soberania".

"Washington tem declarado abertamente seu direito ao uso unilateral da força militar em qualquer lugar para defender seus próprios interesses", disse Lavrov, que criticou, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, a posição dos EUA no conflito da Ucrânia e a ação da coalizão liderada pelos americanos contra focos da milícia radical Estado Islâmico (EI) na Síria.

Segundo Lavrov, o envolvimento militar "já se tornou normal", mesmo que operações militares lançadas pelos EUA nos últimos anos - das quais citou as na ex-Iugoslávia, no Iraque, na Líbia e no Afeganistão - "tenham sido infelizes".

Um dia depois de questionar a legitimidade dos bombardeios ao território sírio, por terem sido feitos sem a aprovação e a cooperação de Damasco, Lavrov defendeu que a luta contra o terrorismo "deve permanecer na base sólida da lei internacional".

"A aliança ocidental liderada pelos EUA, enquanto age como defensora da democracia, do estado de direito e dos direitos humanos em alguns países, está atuando na direção oposta na arena internacional, rejeitando o princípio democrático de direito dos Estados à soberania e tentando decidir pelos outros o que é bom e ruim", disse.

Em seu discurso, o chanceler russo destacou que a luta contra terroristas no território do país "deve ser organizado em cooperação com o governo sírio". "Damasco já demonstrou sua capacidade de cooperar com programas internacionais quando participou da destruição de arsenais químicos [do próprio governo]", afirmou.

Lavrov alertou a comunidade internacional para a "tentativa de tornar aliado qualquer um que se diga inimigo de Bashar al-Assad [ditador sírio]". Um dos objetivos da coalizão liderada pelos EUA é treinar e armar membros da oposição moderada para lutar contra o EI.

O ministro russo pediu que a ONU conduzisse um estudo sobre focos terroristas em todo o Oriente Médio e África, já que o EI "é só um dos problemas". "Queremos erradicar suas causas, ao invés de apenas reagir aos seus sintomas", disse.

O chanceler russo ainda criticou as sanções aplicadas pelos EUA e por países europeus à Rússia, em resposta ao apoio de Moscou aos separatistas ucranianos, destacando que a "política de ultimatos e a filosofia da superioridade e da dominação" vai contra a formação de uma ordem mundial "democrática e policêntrica".