A 16 dias do pleito, Biden e Trump disputam preferência em redutos

Em desvantagem nas pesquisas de intenção de votos, presidente Donald Trump tem feito viagens diárias a diferentes localidades dos EUA na tentativa de diminuir a diferença entre ele e o adversário democrata, Joe Biden

Escrito por Redação ,
Eleição nos EUA
Legenda: Joe Biden e Donald Trump intensificam suas atividades nas últimas semanas de caça aos eleitores, antes do dia da votação

A 16 dias da eleição presidencial dos EUA, os dois candidatos queimam suas últimas balas na agulha, a fim de garantir a vitória no dia 3 de novembro. Líder nas pesquisas de intenção de votos, o democrata Joe Biden, de 77 anos, vai recorrer, na próxima quarta-feira, à popularidade do ex-presidente Barack Obama, que participará de um comício para apoiar seu ex-vice. Já o atual presidente Donald Trump, de 74 anos, tenta recuperar sua popularidade, em meio às críticas à sua gestão da pandemia do novo coronavírus.

Ontem, o candidato republicano continuou sua campanha em ritmo frenético para um segundo mandato, percorrendo o país para mobilizar suas tropas.

O bilionário viajou para o norte do país à tarde para visitar Michigan e Wisconsin, dois estados tradicionalmente democratas nos quais ganhou em 2016, antes de seguir viagem para Las Vegas, Nevada, para a turnê eleitoral pelo oeste a partir de hoje.

O atual inquilino da Casa Branca está "fazendo seu máximo" para recuperar terreno, disse sua porta-voz, Kayleigh McEnany, ontem.

"A estratégia do presidente Trump é trabalhar pelo voto do povo americano. Por isso estará em dois estados hoje (sábado), terá dois comícios amanhã (domingo) e mais dois no Arizona na segunda-feira", anunciou McEnany ao canal Fox News.

Como em 2016, Trump faz campanhas intensas com várias viagens diárias.

Oposição

Do lado democrata, as próximas duas semanas terão como foco aumentar a vantagem de Biden sobre Trump. "Em 21 de outubro, o presidente Obama comparecerá à Filadélfia, na Pensilvânia, para fazer campanha por Joe Biden e Kamala Harris", anunciou o núcleo da campanha democrata, sem dar mais detalhes.

A Pensilvânia é um dos principais estados para a corrida presidencial, no qual Trump venceu por pouco na eleição de 2016. Apesar disso, a campanha de Biden tem sido menos intensa do que a do concorrente. Ontem (17), enquanto Trump visitava Michigan e Wisconsin, dois estados tradicionalmente democratas nos quais ganhou em 2016, Biden não tinha nada planejado em seu programa oficial.

Na última sexta, Biden passou o dia no Michigan, onde discursou com a governadora, Gretchen Whitmer, opositora ferrenha de Trump e alvo recente de uma conspiração desbaratada da extrema direita, que queria sequestrá-la e "julgá-la por traição".

"Deveria comover a consciência de todos os americanos", lançou Biden, acrescentando que "a negação a condenar esses tipos é assombrosa". "Todo mundo sabe quem é Donald Trump. Mostremos a eles quem somos", disse.

Cautela

O gerente da campanha de Biden, Jen Dillo, mostrou um sinal de cautela aos democratas, ao assinalar que as pesquisas no âmbito nacional são enganosas: "Não temos uma vantagem de dois dígitos".

Pesquisas nacionais mostram que o democrata tinha 52,4% das intenções de voto, contra 41,9% do republicano.

Trump menosprezou, por meio do twitter, a desvantagem mostrada pelos estudos.

"Os números das pesquisas parecem muito fortes. Grande multidão, grande entusiasmo. Onda vermelha enorme a caminho", escreveu o presidente na rede social, referindo-se à cor do partido republicano.

No entanto, o otimismo de Trump não é compartilhado por alguns membros proeminentes de seu partido, como o senador Ben Sasse de Nebraska, que se juntou aos senadores republicanos Lindsey Graham, da Carolina do Sul, e Ted Cruz, do Texas, para expressar sua preocupação.

Em um telefonema com eleitores nessa semana, Sasse disse que uma derrota de Trump parece "provável" e que os republicanos podem perder o Senado também. "Estamos enfrentando um tsunami azul", disse ele, referindo-se à cor do Partido Democrata.

Protesto

Ontem, milhares de mulheres foram às ruas em Washington e em outros lugares dos EUA para protestar contra Trump, pedindo para que ele não seja reeleito e criticando sua nomeação de uma juíza conservadora para a Suprema Corte.

As manifestações, que os organizadores afirmam estar ocorrendo em todos os 50 estados do país, foram inspiradas na primeira Marcha das Mulheres em Washington, uma grande mobilização anti-Trump que aconteceu um dia depois de ele ter assumido a presidência em 2017.

No entanto, em meio à pandemia da Covid-19, as manifestações de ontem foram consideravelmente menores.

As participantes prestaram homenagem à juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg, ícone para mulheres e progressistas, ao mesmo tempo em que protestavam contra a nomeação da juíza conservadora Amy Coney Barrett feita por Trump.

O percurso da manifestação em Washington começou perto da Casa Branca e depois seguiu para o Capitólio e o National Mall. Um outro protesto menor, mas também a favor de Barrett, com lema "Estou com ela", estava previsto para ocorrer em frente à Suprema Corte posteriormente.

"Trump/Pence: fora agora", dizia um dos cartazes, com referência ao vice-presidente, Mike Pence.

A maioria das manifestantes em Washington usava máscaras, algumas estavam vestidas no estilo Ginsburg, imitando o seu traje como juíza, enquanto outras usavam os chapéus rosa que ficaram famosos na manifestação original.

Faltando pouco mais de duas semanas para as eleições dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden intensificam agenda em estados decisivos para a conquista da Casa Branca.

 

Votação antecipada bate recorde

Uma cena se repete praticamente em todo país: longas filas de eleitores depositam antecipadamente seu voto para a eleição presidencial nos EUA, respondendo ao chamado de mobilização dos democratas e por medo da pandemia do coronavírus, a menos de três semanas da votação.

Mais de 25 milhões de americanos haviam votado até meio-dia da última sexta-feira (16) - por correio, ou pessoalmente -, de acordo com uma contagem do "US Elections Project", um sistema on-line de estatísticas eleitorais da Universidade da Flórida.

Embora os números estejam atualmente a favor do ex-vice-presidente de Barack Obama, a eleição ainda não foi decidida, alerta o professor Michael McDonald, responsável pela contagem.

"O voto forte dos democratas neste momento não deve ser um indicador de que Biden tem a eleição ganha", alertou McDonald, em uma análise postada em seu site.

"Sim, os números são muito bons para Biden", disse ele. "No entanto, é muito provável que os republicanos compareçam para votar pessoalmente" em 3 de novembro, dia da eleição deste ano. Ao todo, 43 estados e a capital federal, Washington, estabeleceram sistemas de votação antecipada para a eleição presidencial.

Foram solicitados, ou enviados, pelo correio, quase 75 milhões de cédulas de votação.

Isso é mais do que o dobro dos 33 milhões das eleições de 2016. As autoridades locais estabeleceram caixas de correio, ou pontos especiais, para que os eleitores pudessem depositar o voto.

Em Iowa, um estado do Meio-Oeste, a votação começou em 5 de outubro. Até sexta-feira, mais de 454.000 eleitores haviam votado. Na Geórgia, mais de 1,3 milhão de pessoas votaram. O Texas também registrou um número recorde de votos antecipados desde a abertura das urnas na última terça (13). De acordo com números preliminares, 128.186 pessoas compareceram no primeiro dia, quase o dobro do registrado há quatro anos.

Trump critica, constantemente, o voto por correio, argumentando que isso levará a uma "fraude de escala sem precedentes" em benefício de seu oponente. Não há, no entanto, evidências de irregularidades generalizadas em votações anteriores.