Temporada de ventos no Ceará aumenta riscos e casos de queimaduras por caravelas e águas-vivas

Mudanças climáticas podem elevar quantidade de acidentes nas próximas décadas, diz pesquisador

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Água-viva
Legenda: Manter a distância do animal é o principal cuidado.
Foto: José Leomar

Com a maior movimentação no litoral, acidentes com águas-vivas e caravelas portuguesas devem aumentar ao longo do verão no Ceará. Na Praia do Futuro, em Fortaleza, banhistas relataram contato com os animais durante o banho. O aumento na velocidade dos ventos, intensificada nesse período, estaria por trás do crescimento de casos.

"A velocidade e a direção dos ventos levam a ocorrência de caravelas próximo à faixa de praia. As medusas também podem ocorrer nesse período, embora sejam mais comuns no período chuvoso", explica Marcelo de Oliveira, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Por conta do corpo transparente dos animais nem sempre é possível identificá-los dentro d’água. Marcelo explica como diferenciar os bichos para evitar o contato acidental. “A caravela portuguesa lembra um pequeno saco de coloração azul ou lilás com grandes filamentos, que podem alcançar mais de dois metros. Esses filamentos podem se enrolar no braços das pessoas quando elas estão tomando banho”, aponta pesquisador.

Manter a distância é o principal cuidado já que “o vento acaba enrolando os filamentos nas pernas”, adiciona Marcelo. O pesquisador alerta: devido às alterações ambientais, os acidentes podem ficar mais frequentes nos próximos anos. “A pesca excessiva e as mudanças climáticas estão aumentando a quantidade de animais nos oceanos. isso pode ficar mais frequente nas próximas décadas”, diz Marcelo.   

Primeiros socorros

Guarda-vidas da 1ª Companhia de Salvamento Marítimo do Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, Cabo Eduardo Benevides acompanha as ocorrências de águas-vivas e caravelas na Praia do Futuro. Ele reforça a atenção ao ambiente como principal prevenção. “Sempre alertamos que a praia, por ser ambiente natural, oferece riscos aos frequentadores. Apesar de ser um local de lazer, é preciso estar atentos aos organismos. Alertamos aos pais que as crianças podem se aproximar desses animais e sofrer queimaduras”, indica.

A dor forte causada pelo contato com os filamentos dos animais é intensa e pode durar até meia hora. “É uma experiência bastante desagradável. É preciso superar uns 20 ou 30 minutos de dor”, conta Cabo Benevides. Para aliviar a queimação, o mais indicado é lavar o local com água salgada. “Não usar água doce. Pode potencializar a queimadura. Se a água salgada estiver resfriada e gelada ainda é melhor para dar uma analgesia no local. Vinagre também é indicado”, completa o bombeiro.  

A lesão, contudo, pode precisar de atenção médica especializada. “Se a reação for muito intensa, o ideal é procurar atendimento médico com urgência”, recomenda. 

Veja outras orientações do Corpo de Bombeiros: 

  • Esteja sempre em área protegida por guarda-vidas;
  • Pergunte ao bombeiro sobre as condições da água e se há presença de águas-vivas. Se houver, evite entrar no mar;
  • Saia da água imediatamente ao avistar águas-vivas;
  • Evite entrar no mar sozinho ou à noite;
  • Não toque nos animais, mesmo aqueles que estejam aparentemente mortos na areia da praia.
  • Se você for queimado, saia imediatamente da água e lave o local apenas com água do mar, sem esfregar as mãos na área afetada.
  • A única outra substância recomendável para se colocar na área atingida é o vinagre, que neutraliza a ação da toxina.
  • Nunca toque nos animais, nem mesmo naqueles que estejam mortos na areia da praia.
  • Caso haja grande área de queimadura, ou se surgirem sintomas como vômitos, náuseas, cãibras musculares ou dificuldade para respirar, é recomendado que se busque uma unidade de saúde para tratamento específico.
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