Software de realidade virtual é desenvolvido por pesquisador da Fiocruz para reduzir sequelas de AVC

Intensificando a técnica da “Terapia do Espelho”, ferramenta busca facilitar o acesso a um tratamento com baixo custo, interiorizando o acesso à saúde para municípios distantes de centros urbanos

Escrito por Redação ,
Legenda: Software de realidade virtual intensifica "Técnica do Espelho", em que é colocado um espelho na frente da pessoa e os movimentos de um braço parecem ser repetidos no outro
Foto: Fiocruz

Com o objetivo de melhorar o tratamento de pacientes com sequelas causadas por Acidente Vascular Cerebral (AVC), o pesquisador Cássio Pinheiro, doutorando em biotecnologia na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), começou a desenvolver um software de realidade virtual que simula mais intensamente a chamada “Terapia do Espelho”, tratamento utilizado após doenças vasculares cerebrais ou perda de membros. Os primeiros testes devem ser iniciados em janeiro de 2021. 

A “Terapia do Espelho” consiste em colocar um espelho na frente do paciente e, ao fazer movimentos no braço direito, o espelho cria a sensação de movimento na parte esquerda do corpo. 

O software desenvolvido busca intensificar essa técnica. “Nosso cérebro tem uma neuroplasticidade. É a nossa capacidade de repetir coisas que não são de sua responsabilidade. O objetivo é enganar o cérebro”, aponta o pesquisador. 

Para isso, o pesquisador optou por utilizar um óculos de realidade virtual e um sensor, responsável por captar informações das mãos do paciente e transformar a imagem 3D em imagem exposta na tela do óculos. 

“Conseguimos projetar para o óculos essa sensação. O nosso sensor captura o primeiro membro que entra no programa. Vamos melhorar essa experiência da “Terapia do Espelho” colocando o óculos de realidade virtual. Você realmente fica imerso”, explica.

Após o início dos testes em janeiro de 2021, o pesquisador espera começar a disponibilizar a tecnologia já ao longo do próximo ano. “Ainda não sabemos se vai ser disponibilizado pelo SUS”, comenta, uma vez que diversas variáveis estão inseridas, como o custo do equipamentos e as parcerias possíveis.

Interiorizar a saúde

Conforme Cássio, o software tem baixo custo, embora o valor ainda não tenha sido definido. Com isso, poderá ser comprado com facilidade por hospitais das redes públicas ou privadas do Ceará. Simplificar o acesso possibilita que mais profissionais possam ter acesso a ele. “É uma forma de descentralizar o tratamento, interiorizar a saúde”.

Com isso, ao invés de pacientes percorrerem cerca de 500 km para chegar na Capital, poderia ter acesso em unidades hospitalares mais próximas de seus municípios. “Essa é uma das principais vantagens, o tratamento se desprende dos grandes centros urbanos, como Fortaleza”. 

Pesquisa

A ideia surgiu há dois anos, mas somente quando Cássio entrou no doutorado na Fiorcruz, no começo de 2019, que passou a ter um direcionamento e foco maior para a pesquisa. “Quando o AVC não mata, deixa sequelas muito fortes. Mudam totalmente a vida das pessoas. Há um número altíssimo de pessoas com sequelas que não conseguem desenvolver tarefas do cotidiano”, aponta. 

“A maior contribuição que eu tenho é a possibilidade de quantificar o tratamento, saber se está tendo melhora ou não, possibilidade de ter um tratamento personalizado. Não está tendo melhora, pode solicitar outro método, a ferramenta vai conseguir te dar dados precisos sobre esse processo”, finaliza o pesquisador.

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