Rua na Barra do Ceará tem casas rachadas e risco de desabamento; Defesa Civil apura casos

Habitantes temem piora nas estruturas e alegam que influência veio de construções sobre lixão desde os anos 1970.

Escrito por Nícolas Paulino ,
Legenda: Rachaduras põem estrutura das casas em risco.
Foto: José Leomar

Moradores da Rua Morro Branco, na Barra do Ceará, bairro da orla Fortaleza, vivem na incerteza. Na última década, as edificações da área sofrem rachaduras e fissuras constantes, trazendo o risco real de desabamentos na vizinhança. Como o bairro tem alta densidade populacional, eles temem que qualquer incidente afete outras casas próximas.

“Quem segura essa casa é Deus”, confessa a doméstica Maria Alicy, 73 anos, moradora de lá há mais de 40. Ela divide um duplex com o esposo, de 82 anos, e as famílias de mais quatro filhos. É perceptível que a base da casa está cedendo e, as paredes, se descolando umas das outras.

Legenda: Proprietários contam que já gastaram muito dinheiro com reparos nas casas.
Foto: José Leomar

“O que eu tenho gasto nessa casa dava pra eu ter feito um apartamento lá na Aldeota. A gente já trabalhou muito nela. Nunca tivemos o prazer de dizer ‘nosso 13º vai ser pra fazer uma viagem’, porque o dinheiro vem pra cá. A vida da gente é essa”, revela Alicy.

A algumas casas dela, o comerciante José Ribamar dos Santos, 69, que também habita a Morro Branco há 40 anos, explica que a área era utilizada como um lixão. Oficialmente, esse uso ocorreu entre 1961 e 1965, segundo os registros históricos, que indicam ainda o surgimento dos primeiros catadores da cidade a partir do chamado “Lixão da Barra”.

> Fortaleza tem 5 lixões inativos; saiba em quais bairros

O próprio Ribamar lembra que, há dois anos, precisou realizar reparos na casa dele. Mesmo assim, pequenas fissuras voltaram a riscar as paredes brancas. “Racha aqui, eu faço. Racha ali, eu faço. Se rachar de novo, tenho que tomar alguma providência, é o jeito. Não sei daqui a uns anos, porque o terreno vai cedendo”, afirma o idoso.

Pouco adiante, um dos prédios ameaçados foi interditado pela Prefeitura de Fortaleza em outubro de 2014. O local era ocupado por uma família que chegou a ingressar com ação judicial contra a Companhia de Habitação do Ceará (Cohab), tecnicamente dona do terreno, para obter um alvará de demolição e evitar que o imóvel prejudique prédios vizinhos, caso venha a cair.

No processo judicial ao qual a reportagem do Sistema Verdes Mares teve acesso, a Cohab alegou que o Conjunto Planalto das Goiabeiras, onde o imóvel foi construído, “encontra-se em fase de Regularização Fundiária junto ao Cartório de Registro de Imóveis, de modo que ainda não foi regularizado”.

Legenda: Problemas estruturais vão da base ao teto das residências.
Foto: José Leomar

Vistorias

A Defesa Civil de Fortaleza informou, por nota, que já esteve na Rua Morro Branco nesta semana e atendeu a três ocorrências. Duas residências estavam fechadas e não foi possível entrar para verificar a situação. “O próximo passo é identificar e localizar os proprietários para que os agentes possam entrar nas casas”, declarou o órgão. 

Na terceira habitação, os agentes identificaram risco de desabamento, e o proprietário já foi notificado. “Em caso de risco, a Defesa Civil de Fortaleza deve ser acionada via Ciops, através do fone 190. As equipes trabalham em regime de plantão, 24h, para atender as ocorrências demandadas pela população”, completa.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.