Regional V lidera casos de violência sexual infantojuvenil em 2020

As Regionais VI, III e I vêm em sequência, também com mais de 100 casos cada, registrados até novembro deste ano. Os dados são do Programa Rede Aquarela que contabilizou 648 casos de violência sexual

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
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Legenda: A Regional V, constituída por 17 bairros de Fortaleza, figura no topo da lista de casos de violência sexual infantojuvenil na Capital
Foto: Kilvia Muniz

Os anos passam e os cenários se repetem. Outra vez a Regional V, constituída por 17 bairros de Fortaleza, a exemplo de Conjunto Ceará, Siqueira e Bom Jardim, figura no topo da lista de casos de violência sexual infantojuvenil na Capital, com 158 registros. Logo atrás vem a Regional VI, englobando, entre outros bairros, Messejana, Barroso e Jangurussu, com uma diferença de treze casos em relação à primeira colocada.

Os dados são do Programa Rede Aquarela, da Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), que contabilizou, até novembro de 2020, 648 casos recebidos de toda a cidade, incluindo um local não informado e dois da Região Metropolitana; 6.431 atendimentos foram computados.

Para efeito de comparação, em 2019, durante o ano inteiro, foram registrados 718 casos e realizados 4.244 atendimentos continuados para vítimas de violência sexual, com equipe multidisciplinar composta por psicólogos, advogados, educadores e assistentes sociais. O levantamento por bairro ainda está em construção, mas os dados já permitem uma breve análise. "Há vários anos, a Regional V concentra os maiores índices, seguida da Regional VI. Acreditamos que uma multiplicidade de fatores explica isso: são as regionais mais populosas e periféricas, com grande vulnerabilidade social", aponta a coordenadora do Programa Rede Aquarela, Kelly Meneses. Nas Regionais III, I, IV e II, o programa registrou 121, 101, 64 e 56 casos, respectivamente.

Vale ressaltar que os números revelam um cenário aquém da realidade por conta da subnotificação. "Nas nossas ações de prevenção, sempre escutamos do público presente uma infinidade de relatos de casos na família ou com conhecidos que não foram denunciados", confirma Kelly. No primeiro semestre de 2020, a média de casos por mês foi de 51, já no segundo semestre, essa média aumentou para 68, o que a coordenação atribui às ações de prevenção promovidas pelo programa, como campanhas educativas e formações de profissionais.

Pandemia

Em virtude dos protocolos de saúde exigidos pela pandemia do novo coronavírus, o programa precisou adaptar suas metodologias de prevenção e atendimento em um tempo recorde.

"A campanha de 18 de maio, em alusão ao Dia Nacional contra a Violência Sexual, migrou para o meio virtual e rapidamente produzimos conteúdos para divulgação diária durante todo o mês. Contamos com a parceria da Secretaria Municipal de Educação (SME) para a disseminação das informações juntos a todos os alunos", conta Kelly.

Além disso, o material gráfico já impresso também chegou aos estudantes junto com os kits alimentares distribuídos pela SME atingindo mais de 74 mil alunos. "Também conseguimos incluir uma cartilha sobre o tema via QR code na Carteira Estudantil de 2020 utilizada em todo o Estado. Nos eixos de atendimento, mantivemos a equipe sediada na DCECA (Delegacia Especializada) acolhendo o caso de forma presencial e repassando para a Equipe de Atendimento da Casa da Infância dar continuidade em formato on-line", detalha.

A estratégia de atendimento virtual, de acordo com a coordenadora, superou as expectativas do programa, visto que reduziu maciçamente as faltas comuns no formato presencial. Por conseguinte, duplicando o número de atendimentos no segundo semestre.

"O feedback dos usuários é o melhor possível, uma vez que facilitou muito o acesso para os moradores de bairros distantes, ademais possibilitou uma frequência de atendimento semanal que acelera o processo de superação da violência", avalia Kelly Meneses. Neste sentido, ela defende que a eficácia e a adesão ao atendimento on-line sinalizam que essa metodologia deverá ser incorporada mesmo após a pandemia.

"Por fim, destacamos que o legado mais importante de 2020 foi a aprovação da lei municipal que tornou o Programa Rede Aquarela uma política pública permanente. Foram muitas pausas na tramitação esse ano em virtude da pandemia e das eleições, mas alcançamos essa vitória para todas as crianças e adolescentes de Fortaleza", finaliza a coordenadora.

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