Posto de saúde da Granja Lisboa funciona em segundo piso de supermercado há um ano

De acordo com Rui Gouveia, coordenador de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a reforma passou por "problemas estruturais"

Escrito por Redação ,
Legenda: Quem precisa de atendimento mais específico e de urgência tem de se deslocar para o posto mais próximo, no Bairro Conjunto Ceará
Foto: Foto: Lívia Baral

Com carência de vacinas, atendimento de qualidade e sem a possibilidade de marcar exames e encaminhamentos médicos. É assim que está funcionando, há quase 1 ano, um posto de saúde instalado em cima de um supermercado no bairro Granja Lisboa. O Posto Dom Lustosa fechou para reforma em julho ano passado e até agora não reabriu, prejudicando a assistência a saúde de 25 mil pessoas da região, de acordo com Edmar Fernandes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Sindmed-CE).

A solução encontrada pela população foi unir forças e impedir que os atendimentos próximos de suas residências acabassem. Francisco Carneiro, dono do supermercado, se prontificou e ajuda a comunidade até hoje.

Legenda: Segundo piso de supermercado agora atende pacientes e faz exames
Foto: Foto: Lívia Baral

O Sistema Verdes Mares esteve no local na manhã desta terça-feira (25) e confirmou os atendimentos no segundo andar do supermercado “Deus te Pague”. No local, há uma sala de recepção improvisada e uma sala de atendimento. "Eu tenho problema no ouvido e também começo de diabetes. Eu venho muito para fazer exames, mas tá difícil a situação. Agradeço muito do ano do mercantil por ajudar a gente", relata Ana Lúcia, moradora do bairro. 

De acordo com Rui Gouveia, coordenador de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a reforma passou por “problemas estruturais”, mas deve ficar pronta no próximo mês. “Estaremos entregando em breve o posto de saúde reformado”, informa. 

O improviso custa caro, principalmente, para pessoas que precisam de atendimentos mais específicos e com doenças mais severas, segundo conta o presidente do Sindmed-CE. "Quem faz atendimento para tuberculose, hanseníase e outras doenças mais graves não está conseguindo ser atendimento. Grávidas também não conseguem marcar o pré-natal porque não tem sistema e nem internet aqui no local”, revela Edmar Fernandes.

Rui Gouveia pondera que no Município há outras unidades de assistência que realizam esses procedimentos. “Esse local improvisado foi só uma sugestão da própria população para não parar de ter atendimento perto de casa”. Ele pontua que exames como prevenção do câncer de colo de útero continuaram a ser feitos pela equipe do “posto improvisado”, que conta com um médico e dois enfermeiros. 

O fechamento do posto, há quase um ano, era para durar, no máximo, dois meses, mas já se estende por um ano. Conforme Edmar, o fato é um descaso com pacientes e profissionais de saúde. “Não tem contrapartida da Prefeitura, os funcionários fazem cota para comprar materiais e os pacientes também ajudam. É uma forma totalmente inapropriada de atendimento. Isso é indigno com a população e (como) os profissionais estão sendo tratados”, pondera. 

Transtornos

Legenda: O posto do bairro atende a 25 mil pessoas da região
Foto: Foto: Lívia Baral

Para realizar atendimentos que demandem mais profissionais e local adequado, é preciso se deslocar para o posto de saúde mais próximo, no bairro Conjunto Ceará. Mas, de acordo com Ana Lúcia, muitos moradores da Granja Lisboa não podem arcar com as despesas de passagem de ônibus: “Muitas vezes a gente tem que ir a pé".

Para conseguir atendimento para seu filho de 10 meses, Enzo Gabriel, a mãe Jarlene teve de pedir ajuda para ir ao posto improvisado, que só tem um lance de escadas para o acesso. "É muito complicado. Vim tentar fazer consulta do meu neném, mas eu tenho que me deslocar para outro posto porque aqui não tem vacina. Não é ruim só pra mim, é também para os idosos do bairro”, conta.

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