Na pandemia, app de transporte e bicicleta são mais seguros na opinião dos moradores de Fortaleza

População da Capital e dos municípios vizinhos busca soluções para evitar contaminação e desconforto em lotações

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Foto mostra ciclistas e motoristas
Legenda: Alternativas priorizam conforto, segurança para evitar contaminação e facilidade de acesso.
Foto: Natinho Rodrigues

Pesquisa realizada pelo Datafolha mostra que os transportes considerados mais seguros, durante a pandemia do novo coronavírus, são as corridas por aplicativo (48%) e as viagens de bicicleta (33%), na opinião dos moradores de Fortaleza e Região Metropolitana (RMF), que não possuem carro próprio. As alternativas são necessárias para quem considera os critérios de aglomerações (23%) e segurança (22%), como detalha a consulta.

O Datafolha também revela que os táxis, com 4% da preferência, e o transporte público como ônibus, metrô e trem, com 3%, são as opções menos preferidas da população. Para a pesquisa, foram ouvidas 3.271 pessoas acima de 16 anos, entre 16 de setembro e 7 de outubro, em todas as Regiões do País. O nível de confiança do levantamento é de 95% e a margem de erro é de 2 pontos percentuais. A amostra representa a população brasileira adulta e foi composta em sua maioria por mulheres (53%) e pessoas com nível médio de escolaridade (43%) e média etária de 42 anos.

“Para você se sentir seguro na nossa situação atual, as pessoas preferem andar no automóvel fechado. Você está sozinho, tem mais privacidade, então é melhor que transporte público, e a sua chance de estar com alguém contaminado é menor”, analisa Mário Azevedo, professor do Departamento de Trânsito da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Quando considerado o risco de contaminação, os modais de duas rodas são mais seguros na avaliação do especialista.“Você está sozinho, está em um ambiente aberto. A bicicleta aqui é um caso, em Fortaleza, e talvez outras poucas cidades, que tem essa popularização e incentivo, tem ciclofaixas e tudo mais. É interessante esse uso, mas ela tem um certo limite de distância, o que pode significar que essas pessoas fazem viagens curtas”, acrescenta.

Hugo Brasileiro, estudante de engenharia da computação, percebe no dia a dia essa dificuldade de usar as bicicletas para atender sua demanda. “Moro longe do trabalho. Então, prefiro aplicativos porque é fácil e me sinto seguro. Ainda assim, às vezes, ando de ônibus porque é mais barato”, pondera. Além disso, problemas antigos também entram para a sua avaliação. “No ônibus sei que pode ter coronavírus e outros fatores como assaltos. Me sinto mais seguro nos carros de aplicativo porque tenho menos contato e evito aglomerações".

Realidade diferente da experienciada pelo psicólogo Gustavo Martins, adepto da bicicleta desde antes da pandemia do novo coronavírus. “Eu usava muito a bicicleta para me locomover para os cursos de formação em artes no Theatro José de Alencar. Não utilizo para percorrer a cidade toda, o que não mudou tanto. Eu continuo usando bastante, mas para resolver questões em lugares com a mobilidade reduzida, como no Centro da cidade”, reflete.

Para entender as ações em prol de evitar aglomerações e manter a segurança dos ônibus, o Sistema Verdes Mares entrou em contato com a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) e não teve resposta até a publicação da matéria.

Exigências

A pesquisa Datafolha também mostra que a população da Grande Fortaleza considera o risco de contaminação pelo coronavírus (15%) e a facilidade de acesso (14%) das alternativas adotadas frente ao transporte público. Nesse sentido, quem opta pelos veículos por demanda considera importante o uso da máscara pelo motorista e pelo passageiro (86%), saber que o carro foi higienizado (74%) e álcool em gel disponível para os usuários (74%).

A maioria das pessoas (58%) acredita que a adoção dessas opções deve aumentar no futuro, enquanto 8% acredita que deve permanecer o mesmo cenário e outros 34% acreditam na diminuição após a pandemia.

Os números podem ser observados na opinião dos moradores ouvidos pela reportagem. Enquanto Gustavo Martins pretende “continuar e ampliar o uso da bicicleta com mais frequência no meu dia a dia”,  Hugo Brasileiro prefere retornar à sua rotina de locomoção adotada antes da chegada do novo coronavírus. “Pretendo voltar porque antes era mais barato já que eu andava de ônibus na maioria das vezes. Só usava transporte de aplicativo para lazer mesmo”, destaca.

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