Motoristas fazem nova paralisação na Capital

Após rodada de negociação esperada para hoje à tarde, categoria decidirá rumos do movimento

Escrito por Redação ,
Legenda: Veículos foram parados no entorno da Praça da Estação e na Avenida Tristão Gonçalves, em frente ao Sindicato dos Trabalhadores, de 15h às 17h
Foto: FOTO: JL ROSA

O temor de uma greve geral de ônibus na Capital se fez mais presente, na tarde de ontem, com uma nova paralisação de duas horas de motoristas e cobradores, realizada no Centro. Veículos pararam no entorno da Praça da Estação (Praça Castro Carrera) e na Avenida Tristão Gonçalves, em frente à sede do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro). Nos dois locais, veículos tiveram os pneus esvaziados. A categoria espera para hoje a tarde uma nova rodada de negociação com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) para, então, definir os rumos do movimento.

Na Tristão Gonçalves, onde cerca de 16 veículos estavam parados ocupando duas faixas da via, o trânsito chegou a ficar lento entre 15h e 17h. Já na Praça da Estação, membros do Sintro realizaram um ato direcionado à população. O objetivo foi alertar os usuários sobre a falta de avanço nas negociações com o sindicato patronal. A paralisação de ontem foi a segunda realizada em cinco dias, após o estado de greve ter sido decretado no último dia 2 de julho.

A categoria reivindica reajuste salarial de 18%, aumento do vale-alimentação de R$ 11 para R$ 15, da cesta básica de R$ 100 para R$ 150, além do plano de saúde de 100%, que atualmente é de 50%. "Estamos passando um recado para a população, dizendo que se o Sindiônibus não vier para a mesa de negociação oferecendo um salário justo, um reajuste digno, a gente vai decidir se continuamos o estado de greve ou se decretamos já a greve aqui do sistema de transporte público de Fortaleza", acrescentou o presidente do Sintro, Domingo Neto.

Pautas

Segundo ele, o pedido de reajuste de 18% não foi reduzido em virtude de a oferta do Sindiônibus ter sido de 4%, além de não apresentar oferta para as outras pautas econômicas. "Talvez amanhã os patrões venham para a mesa de negociação e ofereçam um reajuste melhor para a gente começar a negociar".

Ainda segundo Domingo, logo após o encontro, que acontecerá na tarde de hoje, no Ministério do Trabalho e Emprego, no Centro, a diretoria do sindicato se reunirá para definir a data da próxima assembleia.

A paralisação de duas horas foi o suficiente para causar impacto em que precisava voltar do centro para casa. Os pontos de parada da Praça da Estação ficaram lotados até por volta das 17h, quando aos poucos, os veículos parados começaram a circular. A auxiliar de cozinha Cláudia Rabelo chegou no local logo no início da paralisação e para não ter gastos com outros meios de transporte, decidiu esperar até poder voltar para casa. "Eu acho muito errado fazer isso de tarde, a gente já sai do trabalho tão cansada e ainda passar por isso, fora o valor que a gente paga pela passagem", comenta.

Apesar do transtorno, a aposentada Maria Alves, 62, apoia o movimento e responsabiliza os empresários pela situação. "Estou aqui desde as 15h, sem saber que horas voltarei para casa, mas eles estão no direito de fazerem isso, merecem receber mais pelo seu trabalho". A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do Sindiônibus, mas até o fechamento desta edição as ligações não foram atendidas.

FIQUE POR DENTRO

Fortaleza vivenciou greve no ano passado

Em 2015, a greve deflagrada por motoristas e cobradores de ônibus, no dia 7 de julho, teve fim em menos de 24h. No ano passado, a proposta da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego acatada pelo sindicato patronal e pelo trabalhadores foi de um reajuste salarial de 9,5%, aumento da cesta básica de R$ 90 para R$ 100, reajuste do vale-alimentação de R$ 10 para R$ 11, do auxílio-creche de R$ 120 para R$ 131,40, além da regulamentação da jornada de trabalho. Conforme o Sindiônibus, no ano passado, 41 veículos foram danificados durante a greve. Os principais danos foram retrovisores e janelas quebradas, além de pneus furados.

Em 2015 o usuário passou por dois aumentos de tarifa. O primeiro reajuste foi estabelecido em janeiro, em 9,09%, quando a passagem de ônibus passou de R$ 2,20 para R$ 2,40. Em novembro, o valor subiu e passou a ser de R$ 2,75. Resultado de um reajuste de 14,58%.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.