Mortes por influenza têm redução de 40% em 2019 no Ceará

Prevenível através da vacinação, enfermidade acomete principalmente crianças, idosos e doentes crônicos. Vírus causadores circulam ao mesmo tempo em que outros agentes de síndromes respiratórias graves.

Escrito por Nícolas Paulino ,
Legenda: Vacinação ainda é a principal forma de prevenção da doença.
Foto: Foto: JL Rosa

Basta o tempo “virar”, como o cearense diz quando a chuva cobre o sol, para começarem os sintomas clássicos: tosse, espirro e dor de garganta. Porém, o que parece indicativo de um resfriado ou virose comum pode esconder perigos mais sérios do início da síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que tem, entre os agentes etiológicos, o vírus influenza. A síndrome pode, inclusive, ser fatal. No ano passado, 44 pessoas faleceram pela doença, no Ceará - uma queda de 40% quando comparadas aos 74 óbitos registrados em 2018.

As informações constam no boletim epidemiológico da influenza da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), divulgado no fim de dezembro. Em 2019, foram 20 óbitos causados pelo subtipo A H1N1; 13 pelo B, dez pelo A H3/sazonal e um pelo A não subtipado. No ano anterior, o subtipo A H1N1 vitimou 58 pessoas, enquanto 16 mortes foram causadas pelos outros subtipos, sendo dez pelo B.

Quando se analisam os dados de casos confirmados de influenza em 2019, também se constata uma diminuição em relação a 2018. Eles passaram de 449 para 242, uma retração de 46%. A maior queda ocorreu no subtipo A H1N1, passando de 309 para 106 casos. Por outro lado, os casos de A H3/sazonal triplicaram, saltando de 23 para 69. Na distribuição por faixa etária, há predominância em crianças de até 9 anos de idade, representando 46,7% do total de casos.

Quadra chuvosa

Conforme Sarah Mendes, assessora técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológico da Sesa, as altas coberturas vacinais atingidas em 2018 podem ter influenciado na redução de casos em 2019, evitando a repetição de um ano epidêmico. “Além disso, houve grande sensibilização dos profissionais de saúde para identificação e manejo precoce dos casos suspeitos”, ressalta.

Sarah explica que há relação da doença com o período chuvoso porque a população tende a permanecer em ambientes fechados por longos períodos, o que facilita a transmissão viral. Entretanto, ela adianta que ainda é precoce qualquer tipo de predição para o comportamento dos vírus na próxima quadra chuvosa, pois “ainda não temos registros que apontem a uma tendência, apesar de utilizarmos ferramentas que possam sinalizar uma mudança no perfil de acometimento da doença”. 
 
Na contabilidade de SRAG, que pode ser causada por outros vírus respiratórios, a diminuição foi de 36%, caindo de 1.626 para 1.028 confirmações. O boletim considera que, em 2018, houve maior ocorrência de casos pelo vírus da influenza, “principalmente no segundo trimestre”. Já em 2019, a partir do mês de fevereiro, identificou-se aumento no número de casos confirmados “para outros vírus respiratórios e SRAG não especificada”.

Grupos de risco

Prova da influência desses outros vírus é que, dos 104 óbitos registrados em 2019, a maioria (60) não foi por influenza. As confirmações de “outros vírus respiratórios” cresceu de 20 para 225, entre os dois anos. Elas foram puxadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que passou de 14 para 84 casos, e pelos registros de rinovírus, adenovírus e coronavírus, com 62, 29 e 12 casos, respectivamente. Junto à parainfluenza tipos 1 e 4, esses vírus não foram notados em 2018.

Embora pessoas de todas as idades possam ser acometidas pela infecção pelo vírus influenza, alerta a Sesa, ela pode causar complicações graves e levar à morte, especialmente pessoas com mais de 60 anos, crianças menores de cinco anos, gestantes e doentes crônicos. Além da vacinação, as principais medidas de prevenção envolvem lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel e evitar tocar boca, nariz e olhos.

Alerta para H1N1

O vírus da influenza A do subtipo H1N1 é o que mais preocupa a Saúde de maneira geral, segundo a assessora técnica Sarah Mendes. Desde a pandemia de 2009, ele é conhecido por provocar epidemias e tem potencial de provocar pandemia, além de elevar o número de óbitos por síndromes respiratórias agudas graves, especialmente na população de risco. 
 

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