Mortes por Covid-19 equivalem a 43% de óbitos por violência no Ceará

O Ceará chega a 271 mortes de pessoas vítimas do novo coronavírus, enquanto são registrados 629 homicídios, feminicídios, latrocínios e lesões corporais, entre março e abril. Óbitos por violência e em decorrência da pandemia crescem

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Fortaleza lidera em número de mortes pelo novo coronavírus e decorrente de crimes no Ceará
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Coronavírus e violência urbana. Dois problemas que evidenciam gargalos na saúde e na segurança pública. Um intriga especialistas em políticas sanitárias de controle pandêmico, enquanto o outro ainda ameaça o ir e vir. Ambos tiram vidas. No Ceará, os atuais 271 óbitos por Covid-19 já equivalem a 43% dos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), que entre março e abril, somam 629.

A estatística se mostra ainda mais evidente em Fortaleza. Desde o início da pandemia, a Sars-CoV-2 já tirou a vida de 212 pessoas na Capital.

Considerando o período de 1º a 20 de abril, conforme balanço da Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), do total de crimes, a cidade tem 210 registros juntando as 10 Áreas de Segurança Integrada (AISs). Os óbitos por coronavírus, no mesmo intervalo, somavam 164.

No mês passado, a SSPDS contabilizou 359 homicídios dolosos/feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Estes crimes tipificam os CVLIs. Contudo, se analisados somente os dados até o dia 20 de março, data em que a pasta de segurança disponibiliza as informações compiladas, os casos chegaram a 242. O número é 11,5% maior que o anotado em igual período de abril, quando saltaram para 270.

Aumento

No mesmo intervalo, houve acréscimo também nas mortes de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Se em março, quando os primeiros diagnósticos da Covid-19 foram divulgados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), sete pessoas haviam falecido; no dia 20 deste mês, a doença já tinha feito 206 vítimas, São 199 óbitos a mais que o registrado no mês anterior.

Fora da Capital, a AIS 11, que compreende os municípios de Caucaia, Paracuru, Paraipaba, São Luís do Curu, São Gonçalo do Amarante e Trairi, é a divisão com o maior número de CVLIs (82). Já por coronavírus, são 10 óbitos somando dessas cidades.

Depois de Fortaleza, a letalidade mais acentuada por coronavírus, contudo, está entre os municípios que compõe a AIS 12. Maracanaú teve oito óbitos, Maranguape (2) e Itaitinga um cada, totalizando 11 mortos em decorrência de complicações respiratórias da doença. Pacatuba e Guaiúba não tiveram mortos.

Fortaleza

Depois que a circulação viral da Covid-19 chegou a 120 dos 121 bairros de Fortaleza, a doença tem ganhado força na periferia. A AIS 8, que reúne os bairros da Regional I, a exemplo dos bairros Cristo Redentor e Floresta, historicamente afetada pela vulnerabilidade social, anota a maior elevação na quantidade de crimes, mas ainda não ultrapassou em mortes por Covid-19 outras divisões territoriais.

Segundo informe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), os bairros que compõem a AIS 1 tem 33 mortes pela Covid-19. O bairro Vicente Pinzon indica 9 casos, sendo o maior dado, seguido por Meireles (8), Cais do Porto (7), Aldeota e Mucuripe com 4 e Praia de Iracema, uma. Varjota não teve notificações. A área contabiliza seis crimes no mês passado e cinco até o último dia 20.

Em 116 dos 183 municípios, o Ceará soma 4.702 testagens positivas para Covid-19, resultado alcançado após o acréscimo de 586 novos casos nas últimas 24 horas. Já são 271 mortos, até às 17h da quinta-feira (23), quando a Sesa atualizou a plataforma IntegraSUS. Os números correspondem ao maior incremento de diagnósticos laboratoriais e mortes em um único dia. A taxa de letalidade 5,8% continua inferior à média nacional.

Do total de confirmações, 3.791 estão na Capital (80,6%). A lista das cidades com volume superior de casos segue na mesma ordem: Caucaia (162), Maracanaú (101), Sobral, na Região Norte, (75) e Aquiraz (49).

A faixa etária com maior prevalência da Covid-19 é a de pacientes com 30 a 34 anos, que anotam 536 casos, sendo 305 mulheres e 231 homens. O público de 10 a 14 anos tem 19 registros, o que o posiciona com o menor índice.

Se tratando de mortes, contudo, idosos com 80 ou mais são as maiores vítimas do coronavírus no Ceará. Desde o início da pandemia, a doença já matou 41 homens e 41 mulheres. A segunda faixa etária mais afetada é a de 75 a 79 anos, com 38 óbitos. Ainda de acordo com o IntegraSUS, 81,18% dos pacientes que faleceram tinham alguma enfermidade pré-existente. As mais comuns são as doenças cardiovascular crônica, presente em 164 deles (60,52%) e a diabetes mellitus (40,59%). Apenas 5,26% possuíam asma.

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