Moradores se previnem contra risco de infecção por coronavírus no entorno de hospitais em Fortaleza

Estudo feito na China aponta possibilidade de propagação do vírus no ar em locais com grande aglomeração de infectados; infectologista diz que não há risco

Escrito por Redação ,
Legenda: O novo fator que motiva a preocupação é o risco de se infectar através de partículas espalhadas pelo ar no entorno de hospitais.
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Moradores de áreas próximas a hospitais e unidades de saúde que atendem pessoas com coronavírus, em Fortaleza, começam a adotar novas medidas para prevenir o contágio. O novo fator que motiva a preocupação é o risco de se infectar através de partículas espalhadas pelo ar no entorno desses locais

Esse tipo de infecção foi foco de um estudo realizado por cientistas da Universidade de Wuhan, na China. O trabalho foi publicado pela revista científica Nature na última segunda-feira (27), e aponta que as características aerodinâmicas do vírus Sars-CoV-2 permitem a disseminação da doença pelo ar em locais onde houve grande aglomeração de infectados

“A prevenção que a gente está fazendo é que não se passeie com cachorros naquela redondeza próxima, e não ter contato com ninguém que esteja trabalhando perto do hospital ou visitando alguém lá”, relata o empresário Ivo Carneiro, 38. Ele é síndico de um condomínio ao lado do Hospital Emergencial Presidente Vargas, unidade de campanha destinada ao atendimento exclusivo de casos suspeitos e confirmados da Covid-19. 

Após ler sobre o estudo recente, Ivo decidiu conversar com os demais moradores e estabelecer novas orientações. Segundo ele, o condomínio de 160 apartamentos está quase completamente ocupado, e todos aderiram aos cuidados. O próximo passo será colocar avisos nos elevadores para reforçar o alerta. 

Contaminação 

Ao falar ou espirrar, as gotículas maiores caem com a gravidade. Já as microgotículas, chamadas de aerosóis, ficam circulando pelo ambiente até aderirem a alguma superfície, conforme detalha Anastácio Queiroz, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFC. "Por isso que ambientes fechados como UTIs e UPAs têm que ser muito bem higienizados, porque vão chegando novos pacientes e as gotículas ficam pairando no ar", diz. "Quando o ar é renovado, o vírus não fica. Mas em um ambiente com ar-condicionado pode ficar por muitas horas". 

O infectologista Keny Colares avalia, porém, que o ar no entorno da área externa das unidades de saúde não é um risco. Ele enfatiza que as formas de transmissão acontecem, principalmente, através de pequenas gotas emitidas durante a fala, o que ocorro quando se está a menos de um metro de distância de uma outra pessoa; e através do toque em objetos contaminados, e, em seguida, encostar nos olhos, nariz, boca ou ouvidos sem lavar as mãos. 

“Daí a necessidade de se afastar das pessoas, utilizar máscara e higienizar as mãos. Fora isso, passar longe de pessoas ou passar perto de hospitais não são formas de transmitir essa doença. As pessoas podem ficar tranquilas em relação a isso”, afirma. 

Casos 

O Ceará já contabiliza 403 mortes, além de 6.918 casos de infecção pelo novo coronavírus, segundo a plataforma da Secretaria da Saúde (Sesa), o IntegraSUS, atualizada às 9h20 desta terça-feira (28).  

A atualização anterior, às 17h17 desta segunda-feira (27), registrava 397 mortes e 6.783 casos confirmados em 138 cidades. Na comparação entre dados divulgados pela Sesa no fim da tarde de ontem e a manhã de hoje, há, portanto, 135 novos diagnósticos da doença, além de 6 novas mortes. 

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