Metade dos municípios cearenses com orla já registrou manchas

Em reunião realizada nessa quinta-feira (31), entidades do Governo do Estado e especialistas atualizaram os dados sobre os prejuízos da substância na orla, com impactos percebidos em dez cidades

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Impactos ambientais, como a mortandade de tartarugas, são avaliados por especialistas
Foto: Foto: José Leomar

Dos 20 municípios cearenses com orla, pelo menos 10 já tiveram manchas de petróleo cru observadas na areia ou no mar. A informação foi confirmada em reunião realizada ontem (31), no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), com participação de representantes do Governo do Estado e pesquisadores. O dado também está no relatório mais recente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Até agora, o óleo já passou por Fortaleza, Aracati, Fortim, Cascavel, São Gonçalo do Amarante, Paraipaba, Paracuru, Beberibe, Aquiraz e Jijoca de Jericoacoara. A lista, entretanto, difere do balanço realizado pelo Sistema Verdes Mares, com base em relatos oficiais e denúncias. Há registros, também, em Icapuí e Barroquinha, nos extremos do litoral cearense. Segundo o Ibama, 283 localidades foram afetadas em 98 cidades.

Reunião

Em meio ao desastre marinho do petróleo cru - de origem ainda não identificada - gestores e especialistas discutiram sobre soluções, apresentaram resultados de ações e subsídios para o enfrentamento do problema ambiental.

Na reunião, o titular da Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Sema), Artur Bruno, atualizou os dados sobre as consequências do material na orla do Ceará. De acordo com o secretário, dez municípios litorâneos já foram atingidos; quatro toneladas de óleo cru e resíduos contaminados retirados das praias cearenses; e 59 tartarugas coletadas, das quais 15 estavam oleadas e apenas uma destas sobreviveu à contaminação.

Embora ainda não haja respostas conclusivas sobre as amostras enviadas aos Estados Unidos para análise, o professor Rivelino Cavalcante, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que as avaliações acerca do desastre ambiental foram apenas iniciadas.

"Quando tem um episódio de derrame, o monitoramento não pode ser de um ano ou dois anos, tem de ser cinco, 10, 15 anos porque esses compostos vão ficar muito enriquecidos no ambiente", avalia o especialista.

Para Carlos Teixeira, também pesquisador do Labomar, a ausência de resposta da origem do petróleo cru dificulta a análise do deslocamento da mancha. "A gente sabe que ele (o óleo) não está se propagando pela superfície, mas não sabemos qual a profundidade. Acreditamos que o óleo tenha origem em alguma coisa entre 400 e 800 km da costa de Pernambuco", explica. De acordo com ele, não há muita informação sobre o derramamento porque ele é diferente dos demais.

Recursos

O secretário Artur Bruno ressaltou ainda que faltam recursos oriundos do Governo Federal. "Nós pedimos os equipamento para fazer essas contenções, solicitamos equipamentos de proteção individual (EPIs) e só recebemos 5% daquilo que reivindicamos".

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