Mercado do sushi no Ceará depende de salmão importado que chega após 13 dias de viagem

Escrito por Diário do Nordeste Online ,

 Você já pensou sobre os caminhos que o salmão precisa percorrer para chegar ao sushi que você saboreia? O nobre pescado cada vez mais consumido em Fortaleza demora cerca de 13 dias, do instante em que é pescado no Chile, ao momento em que chega aos quase 700 restaurantes temáticos e supermercados onde são comercializadas as iguarias japonesas na Capital. No total, seis toneladas do produto chegam ao estado por semana.
 
O tipo de peixe mais consumido em Fortaleza é o salmão-atlântico, de acordo com  uma das principais distribuidoras do produto no Estado, a Mirai Pescados. O peixe vive em águas geladas e é cultivado e pescado na cidade de Puerto Montt, localizada a cerca de 1.300 km de Santiago, no Chile.

O produto demora 10 dias para chegar a São Paulo, onde é distribuído para os demais estados do País. Da capital paulista para Fortaleza, são mais três dias de viagem em caminhões frigoríficos, totalizando 13 dias de transporte.
 
De acordo com informações da Opergel Alimentos, uma das principais importadoras do peixe no Brasil, cerca de 810 toneladas de salmão entram no Brasil por semana. Os carregamentos saem do Chile, passam pela Argentina e entram no Brasil pela cidade de São Borja, no Rio Grande do Sul.

"Por semana, nós recebemos uma média de 45 caminhões, cada um levando 18 mil quilos de salmão, que são distribuídos para praticamente todos os estados do País", declarou Rossana Pancorvo, sócia-diretora da Opergel.
 
Segundo a SalmonChile, associação da indústria de salmão do Chile, o comércio de salmão gera cerca de US$ 2,4 bilhões para o Chile, que é o segundo maior exportador de salmão do mundo, perdendo apenas para a Noruega.
 
O Ceará
 
Das 800 toneladas de salmão que entram no País por semana, cerca de 6.000 kg vem para o Ceará. Segundo Valter Fernandes, diretor da Mirai Pescados, cerca de 700 estabelecimentos comerciais, entre restaurantes e supermercados, recebem periodicamente carregamentos do produto.

"A quantidade que cada estabelecimento recebe varia de acordo com a demanda dos consumidores. Em períodos de alta estação, a demanda é maior", afirma Fernandes.
 
Salmão fresco é irreal
 
Para o engenheiro de alimentos Djacir Barroso é preciso atenção no transporte do salmão. Durante a viagem, é necessário verificar periodicamente a temperatura dentro dos caminhões para que em nenhum momento ela suba e os microorganismos se proliferem no ambiente.

?Por ser largamente consumido cru é preciso cautela, já que não há como fritar ou assar o salmão e matar os micróbios que porventura possam existir?, declara o engenheiro de alimentos.
 
De acordo com Barroso, ?não se pode considerar fresco um peixe pescado há 13 dias, mas isso não quer dizer que ele não esteja próprio para o consumo?. A higiene do estabelecimento e a maneira que o peixe é acondicionado no local de consumo precisam ser uma prioridade para o consumidor.
 
A Produção
 
Os peixes passam por três fases de produção até chegarem aos caminhões para serem transportados. Na ala de psicultura, os ovos são extraídos das fêmeas e selecionados para a fertilização, onde são misturados  com o semén dos machos e fertilizados ?in vitro?.
 
Durante a fase jovem do peixe, ele é transferido dos tanques de água doce para espécies de ?jaulas? flutuantes no mar, onde permanece durante cerca de dois anos, até atingir o seu tamanho e peso comercial (aproximadamente 2kg).
 
Após ser retirado do mar, o salmão-atântico é levado para as fábricas, onde é cortado de acordo com as exigências do importadores. Após o corte, o peixe é acondicionado nos caminhões e inicia-se a fase logística do produto.

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