Mais de 4 mil estudantes tiveram Covid-19 no Ceará; 65% tem entre 15 a 19 anos

Os números foram retirados da plataforma digital IntegraSUS, administrada pela Secretaria de Saúde do Ceará.

Escrito por Redação ,

O debate sobre a volta dos estudantes as atividades presenciais escolares tem ganhado espaço, principalmente, depois que que alguns municípios cearenses alcançaram a Fase 4 do plano de reabertura da economia. Segundo análise de números disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), por meio da plataforma IntegraSUS, atualizada às 17h19 de terça-feira (8), mais de 4 mil estudantes tiveram a Covid-19 no Ceará e 65,5% destes estão classificados na faixa etária de 15 a 19 anos. 

 

Apesar do baixo número infecções pelo vírus Sars-Cov-2 com agravamento entre estudantes, o Estado ainda assim contabiliza 4.575 casos confirmados do novo coronavírus na faixa, sendo 2.997 diagnósticos em alunos entre 15 e 19 anos, idade que se refere, em sua maioria, discentes do ensino médio e no inicio do ensino superior. Em seguida, a faixa etária que mais apresenta infecções pelo novo coronavírus entre os estudantes é de 20 a 24 anos, com 457 casos.

Para a Melissa Medeiros, infectologista do Hospital São José (HSJ), o mais preocupante nesses números é a cadeia de transmissão do vírus que os mais jovens podem causar. “Precisa pensar nos contactantes [desses jovens] que adoecem também, porque geralmente moram com os pais, com os avós e acabam mantendo a cadeia de transmissão”, explica a infectologista. 

“Eles vão transmitir um para o outro, e eventualmente vai atingir populações mais velhas que são suscetíveis a [formas] mais graves [da doença]. E embora eles tenham uma menor gravidade e letalidade, a gente vai aumentar os níveis de atendimento também”, enfatiza Medeiros.  

Mesmo com as aulas presenciais suspensas desde março, e sem a previsão da retomada integral das atividades, esse número representa cerca de 2% dos casos confirmados em todo o Ceará. O destaque vai para o município de Juazeiro do Norte, na Região do Cariri, que registra 607 casos entre estudantes, se mantendo no topo das cidades com mais casos entre estudantes.

Em seguida, os municípios em destaque são Sobral, na Região Norte, com 283 casos confirmados entre estudantes; Fortaleza, porta de entrada da pandemia no Estado, com 261 diagnósticos positivos; Crato, também na região caririense, com 184 estudantes infectados e Tianguá, localizado na Microrregião da Ibiapaba, que soma 124 casos confirmados na categoria. 

Em contrapartida o número de óbitos se mantém mínimo, desde o início da pandemia a categoria de estudantes soma apenas 3 óbitos, e nenhum é contabilizado na faixa etária de 15 a 19 anos, a mais infectada. Conforme informações da plataforma digital gerida pela Sesa, os óbitos registrados aconteceram nas cidades de Fortaleza (2) e Itapajé (1). Além disso estão localizados nas faixas etárias de:  35 a 39 anos (1); 50 a 54 anos (1); e 55 a 59 anos. 

Falta de cuidado

Para a médica uma das possíveis causas desse número de infectados na categoria de estudantes, mesmo sem aulas presenciais, é a falta de cuidado que a faixa etária demonstra perante o cenário de  pandemia. “Parece que a pandemia acabou e isso não é verdade, a gente ainda está vivendo sobre sistema de alerta. Então essa sobrecarga de pessoas é ruim, mas se torna pior porque são aglomerados sem utilização de máscara. A gente quebra duas das principais regras”, destaca a médica sobre os últimos episódios de aglomerações registrados no Ceará, onde predominava o público jovem, durante o feriadão. 

Mesmo assim, a infectologista demonstra tranquilidade quando trata-se da volta as aulas. “A forma que estamos fazendo a reabertura, é um processo seguro e natural”, aponta a médica, mas enfatiza, que ao seu ver, alguns serviços devem ter prioridade, como a educação. “Existem países como o Reino Unido, que para mim é um referência que já discutem fechar estabelecimentos que tem causado aglomerações, que são mais prejudiciais para reabrir as escolas, questão de prioridade”, conclui. 
 

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