Leste-Oeste concentra maior fluxo

Entre as avenidas sob jurisdição estadual, a Washington Soares mantém maior volume diário de veículos

Escrito por Thatiany Nascimento - Repórter ,
Legenda: Avenida Leste-Oeste é citada em levantamento realizado pela AMC com base nos sensores dos equipamentos de fiscalização eletrônica
Foto: FOTO: THIAGO GADELHA

No primeiro semestre deste ano, Fortaleza recebeu 25.542 novos veículos. Até junho, a Capital atingiu a marca de 1.050.673 transportes, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Frota que lota vias e, em algumas delas, consolida o fluxo intenso. Um levantamento feito pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), em 2016, constata que a Av. Castelo Branco (Leste-Oeste) é a via de jurisdição municipal de maior fluxo, com a passagem de 60.852 transportes por dia. O trecho da Av. Washington Soares (CE-040) entre o Viaduto do Palácio Iracema e a Av. Oliveira de Paiva é o líder. Por lá passam 90 mil veículos a cada 24h.

O ranking das vias de maior movimentação cita a Av. Senador Carlos Jereissati (CE-401) em 2º lugar, com 64.000 veículos trafegando diariamente nos dois sentidos. Dentre a avenidas de jurisdição municipal, após a Leste-Oeste, consta a José Bastos (59.410), a Bezerra de Menezes (58.501) e a Osório de Paiva (56.595). Da atual frota de veículos da Capital, 54% são carros (575.167), segundo o Detran. As motos equivalem a 25,77% da frota total.

O levantamento realizado pela Pasta foi baseado nos sensores dos equipamentos de fiscalização eletrônica, conforme explica o superintende da AMC, Arcelino Lima. Isto, segundo ele, ajuda a retratar de forma mais autêntica o real fluxo das vias. "Antes, para mensurar dados desse tipo, a AMC utilizava as informações captadas nos semáforos inteligentes. Vias como a Leste-Oeste e a José Bastos não eram dimensionadas de forma precisa por terem poucos sinais", esclarece.

Arcelino diz que o principal impacto é causado por automóveis particulares e acrescenta: "estas vias são geograficamente estratégicas para cidade". O superintende defende que a Prefeitura tem concentrado esforços para a implantação de medidas destinadas ao favorecimento do transporte coletivo e à estrutura cicloviária nessas áreas.

Conforme a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), das 10 vias de maior fluxo em Fortaleza, seis possuem faixa exclusiva para ônibus, cinco têm ciclovia ou ciclofaixa e duas contam com estação do Bicicletar. Nas avenidas Washington Soares e Senador Carlos Jereissati, a Prefeitura alega que a jurisdição é estadual.

O arquiteto e urbanista do Departamento de Integração Acadêmica e Tecnológica em Engenharia e Arquitetura (Diatec), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Antônio de Paula Hollanda, avalia que em relação especificamente ao tráfego e aos congestionamentos que nele ocorrem, as "causas" dos mesmos são dois elementos: "a deficiência de controle do uso e ocupação do solo e a forma urbana da cidade, seu desenho viário e suas conexões, continuidades ou a ausência destes entre as ruas e avenidas", explica.

Segundo o arquiteto, a cidade sofreu diversos esforços de planejamento que foram fragmentados ao longo dos anos, em gestões distintas. Ele considera que os planos foram válidos, entretanto, geraram uma situação "de malha extremamente labiríntica e descontínua, dificultando os fluxos de grande quantidade de veículos no mesmo espaço de circulação que cresce em taxa menor que a frota".

Opções

As vias de grande fluxo, atesta o arquiteto, são, em sua maioria, as melhores opções de deslocamentos entre as áreas de concentração de atividades de trabalho e as de moradias. "Outras opções não levam os motoristas a se deslocarem com maior fluidez. Ou seja, o desenho viário requer intervenções periódicas de ajustes, de criação de novas conectividades".

Viadutos, semáforos e novos sentidos de fluxos são alguns dos mecanismos citados por ele para restaurar a qualidade e a eficiência destas rotas. Antônio admite que há avanços na instalação de binários, nos usos de bicicletas e tentativa de integração entre modais na Capital, mas assegurar mais opções de mobilidade com qualidade e custos válidos, requer, segundo ele, "outros esforços paralelos".

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