Grupo de Pesquisa da Unifor realiza atendimento psicológico online à vítimas de violência doméstica

Os atendimentos passarão primeiro pela Defensoria Pública do Ceará e pelo Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem)

Escrito por Redação ,
Foto: Ares Soares / Universidade de Fortaleza

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o número de denúncias de violência doméstica feitas à Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, aumentou em 40% em comparação entre abril 2019 e abril 2020 (dados apenas do Ceará), conforme o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH). Este fato deve-se ao maior tempo que as vítimas passam ao lado dos agressores por causa do isolamento social. Pensando em maneiras de amenizar os efeitos psicológicos acarretados, o projeto coordenado pelo professor do programa de Pós-Graduação de Psicologia da Universidade de Fortaleza, Leonardo Danziato, oferecerá apoio online ou por telefone. A iniciativa está prevista para começar a partir da próxima semana.  

Intitulado “Violência de gênero no isolamento social da pandemia da Covid-19: Uma proposta de intervenção em urgência subjetiva com mulheres em situação de vulnerabilidade e risco”, a ação nasceu de uma outra pesquisa que acabou entrando nos dez projetos escolhidos para financiamento científico da Fundação Edson Queiroz no combate à Covid-19.
 
“Nós temos um laboratório de estudos sobre psicanálise, cultura e subjetividade. Estamos participando de uma pesquisa francesa que abrange vários países sobre violência de gênero contra a mulher. A Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (DPDI) lançou um edital sobre a pandemia de coronavírus, e nós juntamos o útil ao agradável”, explica o professor.
 
Os atendimentos passarão primeiro pela Defensoria Pública do Ceará, e depois serão encaminhados ao Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem), que acolhe de 150 a 300 mulheres por mês. A partir daí, é realizada uma triagem que identificará a gravidade de cada caso e os conduzirá à assistência do projeto. “Nós vamos trabalhar com a demanda do pessoal da Nudem, que aumentou de 30 a 40%”, informa Leonardo.
 
O professor conta ainda que o auxílio será por meio de ligação ou vídeo chamada. Chips de celular serão disponibilizados para que a vítima não precise arcar com as despesas telefônicas. O projeto permanecerá até dezembro de 2020.  
 
Primeiros sinais
 
Os primeiros sinais de um relacionamento abusivo, que podem acabar em violência física, psicológica ou emocional, aparecem em detalhes sutis. “Determinar a roupa, não deixar trabalhar, impedir a independência financeira, não conseguir fazer nada sem a autorização do parceiro” são alguns citados por Leonardo Danziato.  
 
O professor alerta também que alguns comportamentos naturalizados na sociedade contribuem para que as mulheres não percebam quando o relacionamento é abusivo. “A violência de gênero contra a mulher é sistêmica. De certa maneira ela faz parte da cultura e é um tanto naturalizada. A Lei Maria da Penha teve essa função de deixar claro e criminalizar essa atitude. Por uma questão social e cultural, as mulheres vivem isso e não se dão conta. Nem sempre é uma violência física, às vezes começa por uma pressão”, relata.

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