Fortaleza ganha primeira Cordelteca aberta ao público

Com 1,2 mil folhetos de cordel, a Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel está aberta ao público na Biblioteca da Unifor

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: A inauguração da Cordelteca integra a programação paralela da XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará
Foto: FOTO: Fabiane de Paula

Batizada em homenagem à primeira cordelista do Brasil, a Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel reúne, de início, cerca de 1,2 mil folhetos de cordel, distribuídos ao lado da Coleção Rachel de Queiroz, na Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza. A abertura oficial, realizada ontem (20), contou com a presença do chanceler Edson Queiroz Neto, da presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha, da vice-presidente da Fundação, Manoela Queiroz Bacelar, do secretário da Cultura do Ceará, Fabiano Piúba, dentre outras autoridades.

Para Lenise Queiroz, a Cordelteca honra a memória de uma escritora que desbravou caminhos. A paraibana Maria das Neves (1913-1994) assinava seus primeiros textos com o pseudônimo "Altino Alagoano", com receio do preconceito contra a mulher. "Na década de 1930, o cenário da participação feminina na sociedade era bem limitado. Mas nosso jeito de contar histórias, no Nordeste, sempre ajudou a vencer nossas adversidades", observou a presidente da Fundação Edson Queiroz.

Também escritor, o titular da Secult (CE), Fabiano Piúba, situa que, para o nordestino, "a literatura de cordel é nosso cordão umbilical. A gente cresce ouvindo essa poesia, e isso vai compondo nossa visão". O secretário reforça que a iniciativa da Unifor estimula uma rede de pesquisa importante para a literatura brasileira.

Joaquim Crispiniano Neto, presidente da Fundação José Augusto (de gestão da cultura do Rio Grande do Norte), destacou que a catalogação da Universidade é referência para superar o estigma do cordel como uma literatura "menor". A idealizadora do projeto, cordelista e professora de Medicina da Unifor, Paôla Torres, destacou que o espaço consolida o cordel como uma fonte de pesquisa.

Braulio Tavares, pesquisador do gênero, reflete como o cordel tem apelo entre os leitores. "Os folhetos falam de todos os temas da humanidade. Quem traz o tema é o poeta. Existe um Brasil oficial e o real, como diria Ariano Suassuna. E o cordel fala disso".

Herdeira de Maria das Neves, a paraibana Alzinete Pimentel declarou que a família estava honrada com a homenagem e, além de prestigiar a abertura da Cordelteca, resgatou a história da mãe e doou para o acervo a obra "Uma Voz Feminina no Mundo do Folheto", assinada por Maristela Mendonça e feita quando a cordelista ainda era viva.

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