Estudantes cearenses são os que mais realizam atividades escolares remotas, aponta Ipece
O estudo teve base nos números oferecidos através da PNAD Covid-19, do IBGE, que realizou pesquisa com mais de 1.6 milhões de estudantes cearenses.
Os estudantes cearenses são os que mais realizam atividades remotas escolares no País, conforme avaliação de dados feita pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), que analisou a frequência escolar e a realização de atividades de mais de 1.6 milhões de estudantes cearenses. Dentre os resultados apurados, mais de 90% dos alunos entre seis e nove anos realizam as atividades que recebem durante a pandemia, já a faixa etária de 15 a 18 anos, o número é de mais de 88%.
Esses número estão no "Ipece/Informe (nº 185/Dezembro/2020) – Efeito da Covid-19", estudo sobre a frequência escolar no Ceará, que tem como base os números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. A PNAD COVID-19, que teve inicio em maio de 2020, traz informações relacionadas à frequência escolar da população, e fornece os números absolutos de 1.645.640 estudantes cearenses. Para a análise, foram considerados apenas números de julho a setembro.
Dentre o total de estudantes cearenses considerados, os que mais realizam atividades encontram-se na faixa etária de seis a nove anos, onde o estudo contabilizou 533.842 discentes. Destes, 484.133 alunos afirmam ter feito as atividades disponibilizadas de forma remota, o que epresenta 90,7% dos estudantes dessa idade. Já 7.742 (1.45%) receberam atividades, mas não as realizaram. Quanto aos que não resolveram qualquer atividade, foram 27.569, o que representa 5,16%. Já outros 14.399 (2,7%) alegaram não ter atividades por está de férias.
O segundo grupo de estudantes analisados está na faixa etária de 10 à 14 anos, que contabilizam 676.060 alunos. Dentre esses estudantes, 89% realizaram as atividades, ou seja, 601.579 alunos, e outros 18.903 (2,7%) apontaram ter recebido atividades, mas não as cumpriu "por qualquer motivo". Os que não realizaram atividades, seja por estarem de férias ou não, somam 55.578 (8.2%).
De acordo com o estudo, na faixa etária de 15 a 18 anos de idade, onde foram considerados 435.738 alunos, o número de discentes que realizaram atividades chegou a 88,8% (387.048). Outros 14.268 (3,3%) receberam, mas não responderam as atividades. Já 21.345 (4,9%) estudantes não realizaram, de forma alguma,enquanto 13.076 (3%) afirmaram não ter recebido atividades por estarem de férias.
Tempo dedicado as atividades
O estudo realizado pelo o analista de Políticas Públicas Victor Hugo de Oliveira Silva e a assessora Técnica Luciana de Oliveira Rodrigues, e com a colaboração do estagiário João Bosco Gurgel Filho, ainda destaca que, no mês de setembro, 84,5% dos alunos de 6 a 9 anos, 82,1% dos de 10 a 14 anos e 79,5% de 15 a 18 anos, dedicaram mais de cinco dias da semana as atividades escolares.
Além disso, 52,7% das crianças de 6 a 9 anos, 60,3% do adolescentes de 10 a 14 anos e 57,7% dos jovens de 15 a 18 anos dedicaram de duas a cinco horas por dia aos estudos.
Situação econômica
O estudo realizado, sem distinguir alunos de escolas privadas ou públicas, ainda alerta para uma distinção entre a renda per capita daqueles que realizam ou não essas atividades. Residências com rendimento maior que quatro salários mínimos tem uma maior taxa de frequência escolar, com 71,57%. Já domicílios com menores rendimentos, de um a dois salário mínimo, a porcentagem é de 53,25%.
"Visto que esse grupo socioeconômico é público alvo de programas assistenciais e da educação pública no Ceará, é fundamental uma maior atenção dos gestores públicos no atendimento de suas demandas no período pós-pandemia. Caso contrário, há um risco de ampliação do diferencial educacional entre ricos e pobres no Ceará por conta da pandemia do novo coronavírus”, orienta o documento.