Entidade de apoio a dependentes químicos suspende internações após 44 anos de funcionamento

Em decorrência de problemas estruturais, o “Desafio Jovem do Ceará” encerra internações ao final de 2019; instituição busca por auxílios e doações para retomar o trabalho social

Escrito por Redação ,
Legenda: O local tem capacidade de receber até 40 pessoas, mas a entidade atua sempre com número mais reduzido, aceitando entre 25 a 30 internos.
Foto: Arquivo pessoal

A instituição Desafio Jovem do Ceará, fundada em 1975 pelo médico Silas Munguba, atuava com atendimentos ambulatórios e principalmente, com internações para homens acima de 18 anos que faziam uso compulsivo de drogas. No entanto, ao fim de 2019, precisou fechar o local para acolhimento de longo prazo devido à necessidade de reformar a infraestrutura. Nos últimos meses, a entidade tem buscado ajuda para retomar essas atividades

Em 2019, cerca 120 pessoas foram atendidas no local, somando o trabalho realizado nas internações e no ambulatório. “Mas esse número ainda é baixo, foi um ano difícil”, explica a filha do fundador e atual presidenta da entidade, Cristina Munguba. Em 2020, com portas fechadas para internações e com restrições devido à pandemia, realizaram somente 40 atendimentos ambulatórios, com psicólogos. 

A expectativa é de reabertura para o início de dezembro deste ano, conforme a Cristina. Para isso, necessitam de doações de alimentos, dinheiro ou o que for possível para contribuir. Além disso, a atual gestora convida as pessoas a conhecerem o local e a compreenderem o impacto que uma "simples ação pode causar".

“Quando a gente doa alguma coisa, faz um bem para a gente mesmo. Porque podemos mudar a história de uma família e, até mesmo, de um bairro. O impacto é muito grande na sociedade um trabalho como esse”, declara.

Funcionamento

Ao todo, a entidade tem capacidade de receber até 40 pessoas, mas atuam sempre com número mais reduzido, entre 25 a 30 internações. Essa decisão ocorre em decorrência da necessidade de uma grande equipe para dar apoio aos dependentes químicos acolhidos no local. Dentre os profissionais presentes, contavam psicólogas, assistentes sociais, educadores físicos e terapeutas.

Antes de suspenderem as internações, o local acolhia aproximadamente 15 jovens e tinham dois psicanalistas. Após a suspensão das atividades, os internos precisaram retornar às suas casas em decorrência da falta de estrutura. No tratamento, a volta gradual para a sociedade só costuma ocorrer quando estão próximo de completar o período de seis a oito meses. 

“Não são obrigados a ficar. A pessoa precisa compreender a importância do tratamento através da reclusão. Se sair, não pode mais retornar. A saída gradual ocorre quando faltam 2 ou 3 meses para irem para casa, para ir se adaptando à família”, coloca Cristina.

Reforma

Durante a pandemia, a sede, localizada na Avenida Dr. Silas Munguba, 565, na Parangaba, sofreu invasões. Por isso, além das problemas estruturais já encontrados, também precisam aumentar a segurança. 

Conseguimos um mutirão de várias igrejas. Algumas ajudaram a fazer a parte elétrica, outras fizeram as pinturas e os rebocos. Estamos colocando janelas e grandes, porque a porta foi quebrada. A gente está se preparando, tentando, para recomeçar em atividades”, compartilha Cristina.

Dentre as principais reformas urgentes estava a reestruturação da rede elétrica e o fortalecimento da segurança. Em janeiro, haviam começado a organização interna para poder realizar as mudanças necessárias, porém, com a pandemia, grande parte do trabalho precisou ser suspenso. 

História

Legenda: Desde 1972, o médico Silas Munguba já realiza palestras de conscientização sobre o uso de drogas, fundando a entidade em 16 de junho de 1975.
Foto: Arquivo pessoal

O espaço foi fundado em 16 de junho de 1975, pelo médico Silas Munguba. Desde 1972 já era conhecido por realizar palestras de conscientização sobre o uso de drogas, apontando para as consequências trazidas e as maneiras de prevenir. O local foi criado para ajudar pessoas que realizavam uso compulsivo de substâncias químicas. 

“Essa é a primeira vez que suspendemos as atividades dessa maneiras. Várias vezes quase fechamos porque é uma situação bem complicada”, finaliza a filha do médico, responsável por manter e seguir o trabalho do pai.

Ao longo de mais de quatro décadas de história, Cristina comenta que dezenas de pessoas passaram pela instituição, “muitas foram transformadas”. Alguns retornaram a usar substâncias químicas, mas outros realizaram vestibular, iniciaram um negócio próprio e conseguiram construir uma vida mais saudável e produtiva.

Serviço

Para ajudar a entidade, é possível entrar em contato com Cristina através do número: (85) 9 9280-9933

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