Eleitores do Ceará priorizam máscara, mas houve falhas no distanciamento

Diante da necessidade de fazer valer protocolos em decorrência da crise sanitária provocada pela Covid-19, população viveu cenários diferenciados nos locais de votação em diferentes cidades do Estado

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
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Legenda: O diferencial das Eleições 2020 foi o uso de protetores faciais e a tentativa de manter o distanciamento social
Foto: ISANELLE NASCIMENTO

Um ritual vivido a cada dois anos no Brasil, mas que sem dúvidas em 2020 foi completamente distinto das experiências anteriores. As mudanças iniciadas ainda em julho, quando houve o anúncio da alteração da data e do horário das eleições, tiveram continuidade ontem nos locais de votação.

Em meio à necessidade de fazer valer protocolos sanitários devido à Covid, eleitores e mesários precisaram lidar com as alterações no processo. Entre elas, as mudanças de seções feitas pela Justiça Eleitoral para tentar equalizar a quantidade de pessoas nos colégios eleitorais no Ceará. Com isso, cerca de 850 mil cearenses tiveram as seções eleitorais alteradas. O fato gerou alguns transtornos.

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Com o horário diferenciado, os trabalhos nos locais de votação foram abertos à população às 7h, e até as 10h, havia orientação de prioridade aos idosos. A ideia era preservar esse público que é um dos grupos de risco da Covid-19. No Ceará, indicam os dados oficiais da Secretaria da Saúde (Sesa), já foram confirmados 285.666 casos da doença e 9.439 mortes, até ontem.

Em alguns locais de votação, mesários faziam uso de protetor facial e álcool em gel que receberam do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE). Em visitas aos colégios eleitorais em distintas cidades do Estado, equipes do Diário do Nordeste coletaram relatos tanto sobre o uso desses equipamentos por quem estava trabalhando no processo eleitoral como sobre a disponibilização de álcool em gel para a higienização dos eleitores. Contudo, o distanciamento entre as pessoas nem sempre foi garantido.

Procedimentos

Apesar de os protocolos sanitários estabelecerem as marcações no piso sobre as distâncias adequadas, sobretudo, nas filas, persistiram em distintos lugares da Capital e do interior situações de proximidade física entre os eleitores. Nessa eleição, outra mudança, devido à crise sanitária, foi o adiamento do uso do sistema de identificação biométrica. E também foi potencializado o uso do título digital. Mas, essa possibilidade junto às alterações das seções, também gerou alguns problemas.

Em Fortaleza, uma dessas dificuldades foi vivenciada por alguns eleitores que buscaram a Escola Estadual de Educação Profissional Presidente Roosevelt, no bairro Parque Araxá. Eles foram surpreendidos com uma placa de informação sobre a mudança das seções eleitorais. As urnas foram transferidas para a sede da Secretaria Executiva Regional I, no bairro Farias Brito.

O eleitor Rodrigo Braga de Paula, 20 anos, contou que tentou ver antes, pelo site do TRE, o local de votação, mas não conseguiu acesso. "Fiquei sabendo quando cheguei na escola. Eu até tentei checar o local pela internet, mas o site estava caindo".

Instabilidade no aplicativo e-Título também foi relatada por diversos eleitores. A estudante Emanuela Barbosa, moradora de Fortaleza, estava junto com a filha de um ano e o marido, Cleiton Rabelo, e contou ter tido dificuldades para acessar o título virtual.

De acordo com Emanuela, o aplicativo foi baixado dias antes da eleição e estava funcionando. Por isso, ontem, ela se dirigiu ao local de votação apenas com o celular e a identidade. Mas o e-Título não abriu. Ela teve que ir em três seções para localizar a sua. "Não estava conseguindo entrar no site, tudo cadastrado direito e não consigo entrar. Não trouxe o título, só a identidade e aí, com minha filha no colo, me mandaram procurar em outra seção", explica. Ela conseguiu votar apenas com o documento de identidade.

No interior, em Quixeramobim, o mototaxista Antônio Pádua começou a tentar votar às 8h. "É um jogo de empurra danado. Fui para o Colégio Virgílio Távora, onde votei nas eleições passadas, 8 horas da manhã. Lá, me disseram que meu nome não constava na relação. Fiquei quase duas horas procurando. Então, me encaminharam para a Universidade Aberta do Brasil (UAB). Como já estava ficando tarde, fui almoçar e fiz umas duas corridas. Por volta das 13h, na UAB também não encontraram o meu nome". Ele foi ao Cartório Eleitoral da cidade, onde foi orientado a ir novamente ao Colégio.

Avaliações

A coordenadora das eleições do TRE-CE, Edna Saboia, disse que no início dos trabalhos foi informada sobre a falta de mesários em seções. O Diário do Nordeste registrou esse problema em Caucaia, Sobral e Barbalha. "No início, tivemos, sim, problemas em 10 seções. Até porque a orientação de TSE era que, se o mesário tivesse positivado (para a Covid) até 14 dias antes das eleições, ele não deveria ir ao local de votação. Alguns mesários informaram à Justiça eleitoral antes e outros talvez tenham sentido sintomas no dia", relata. Mas, informou ela, havia mesários reservas.

Ela avalia que "os protocolos sanitários foram obedecidos, com marcadores nos pisos das filas e distanciamento social". Nenhuma intercorrência sobre a recusa ao uso de máscaras nos locais de voto foi relatado por ela.

Em relação às mudanças de seções, o TRE-CE informou que divulgou amplamente que 850 mil eleitores no Ceará tiveram as seções alteradas, dentro do mesmo local. Já sobre as dificuldades de acesso ao site para consultar os locais de votação, o órgão eleitoral explicou que, com a intensa procura, os sistemas, de fato, demoram a responder.

 

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