Criança é adotada por casal alemão após 11 anos morando em abrigos de Fortaleza
Adoção aconteceu através da Defensoria Pública do Estado do Ceará.
O caminho para formar uma família - das mais variadas formas existentes - pode ser fácil para alguns, mas bem difícil para muitas crianças que vivem em abrigos, à espera de adoção. Em Fortaleza, após anos vivendo entre abrigos, um garoto de 11 anos, finalmente, encontrou pai e mãe neste mês de março. Ele foi adotado, através do Núcleo de Atendimento da Defensoria Pública da Infância e Juventude (Nadij), por um casal de voluntários alemão, que atuava na casa de acolhimento O Pequeno Nazareno, onde a criança vivia mais recentemente.
Segundo a defensora pública responsável pela ação, Ana Cristina Teixeira Barreto, no último dia 2 deste mês, a ação já estava em trâmite e, no dia 5, os pais adotivos já assinaram o termo de convivência provisória. “Ele foi vinculado à família e já saiu da fila de adoção. Agora, ele está no prazo de convivência provisória de 30 dias para que eles tenham a convivência em território nacional. Finalizado esse período, ele deve seguir viagem com a família, que já está até de passagem comprada para a Alemanha”, diz.
O percurso foi além, ainda, da distância de quase oito mil quilômetros que separavam os pais adotivos da criança. Conforme Ana Cristina, toda a tramitação, no Brasil, se deu em poucos dias, porém, “como eles sempre tiveram o desejo de adotar uma criança, procuraram as autoridades competentes na Alemanha até serem devidamente cadastrados no sistema brasileiro de adoção, em 2015. Anexaram nos autos do processo, além de toda a documentação pessoal, relatórios psicossociais devidamente traduzidos para o português. Só cinco anos depois a adoção de fato se concretizou”, afirma.
Sendo esta a primeira adoção internacional da Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará, a defensora ressalta a importância que ações como essa ocorram para “normalizar a chamada adoção tardia, quando a criança já possui um desenvolvimento parcial quando é adotada”.
Acolhimento
De acordo com o coordenador da Unidade de Acolhimento O Pequeno Nazareno, Antônio Carlos da Silva, que acompanhou os encontros entre o casal e o garoto na organização desde 2016, há um programa de apadrinhamento fora do país. “Há um grupo de voluntários que captam doadores para serem padrinhos financeiros das nossas crianças acolhidas e alguns desses doadores fazem contato com os adolescentes, mandam cartas, ajudam financeiramente com alguma necessidade do garoto. Esse casal foi além. Eles passaram a visitar o Brasil, e então criou-se um vínculo muito forte com a criança”, relata.
A situação é ainda mais especial pois esta é a primeira adoção do lar em Fortaleza, em 26 anos de atuação, conforme Antônio Carlos. “Pela idade que nós atendemos, de 8 a 16 anos, já há uma exclusão por parte de quem deseja adotar, infelizmente. Contudo, esse fato é um alento para que os outros adolescentes, que estão no cadastro e fora do perfil pretendido, possam ter esperança também de um futuro melhor”, esclarece.