Covid-19: Rede privada da Capital tem alta de 14,2% em UTI e 29,7% em enfermarias

Nos últimos 20 dias, oito unidades ligadas à Associação dos Hospitais do Ceará seguem registrando aumento nas internações

Escrito por Felipe Mesquita/Alessandro Torres , metro@svm.com.br

A rede privada de saúde de Fortaleza contabiliza altas nas internações por Covid-19, de acordo com informações do presidente da Associação dos Hospitais do Estado do Ceará (Ahece), Aramicy Pinto. O aumento está sendo registrado nos últimos 20 dias em oito unidades ligadas à entidade, pontua. 

 

Atualmente, indica o levantamento, 32 pacientes recebem cuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que corresponde a um acréscimo de 14,2% em comparação ao dia 16 de dezembro, quando 28 pessoas estavam internadas nessas alas. 

Já nas enfermarias, a taxa de ocupação é ainda maior. No mesmo período, o número de pacientes atendidos passou de 47 para 61, ou seja, 29,7% a mais que na data anterior. 

“Houve aumento substancial nos internamentos clínicos e isso nos preocupa porque nós estamos pegando um contingente de pessoas da última semana, que coincide com o Natal. Com essas festas de fim de ano, tem uma tendência de alta ainda, haja vista a grande quantidade de pacientes procurando as emergências para testar se estão positivados ou não”, alerta Aramicy Pinto. 

Ainda segundo ele, o perfil de pacientes contaminados pelo novo coronavírus também mudou. “Nós tínhamos, geralmente, pacientes com mais idade. Hoje, a positividade está se concentrando no intervalo de 20 a 40 anos. Quer dizer, a juventude tem que prestar mais atenção porque ela também está suscetível como uma pessoa de 50, 60 anos, então, tem que se cuidar”, atenta. 

Sesa

Outro mapeamento evidencia a situação das unidades de saúde públicas e privadas da Capital. A plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), cuja atualização ocorreu às 16h04, mostra que entre hospitais públicos e privados, a ocupação em leitos de UTI da Capital é de 67,69% em UTIs e 42,83% em enfermarias.  

O Hospital Antônio Prudente é o único da cidade com 100% de ocupação em UTI e enfermarias, tendo 12 e 23 leitos, respectivamente, preenchidos. De acordo com a assessoria de imprensa do HapVida, a ocupação dos leitos do IntegraSus, não corresponde a realidade. A operadora infornmou que possui 643 leitos de enfermaria, destes, 502 leitos estão ativos. Em terapia intensiva, são 163 leitos, sendo 99 ativos e, desdes, 77 estão ocupados, o que representa 77% de leitos ativos. De acordo com o Presidente do Sistema Hapvida, Jorge Pinheiro, a empresa tem capacidade para ampliar leitos. “Temos a maior rede privada de atenção à saúde no Estado do Ceará, isso dá uma flexibilidade que permite ampliar leitos especializados, de acordo com a necessidade. É importante mantermos todas as medidas preventivas da doença”.

Veja a situação em cada unidade privada de Fortaleza:

Hospital Gênesis - 29,17% em UTI e 72,22% em enfermaria;
Hospital Monte Klinikum - 70% em UTI e 76,92% em enfermaria;
Hospital Otoclínica - 91,67% em UTI e 57,14% em enfermaria;
Hospital Regional Unimed - 78,85% em UTI e 75% em enfermaria;
Hospital São Carlos - 50% em UTI e 93,33% em enfermaria;
Hospital Uniclinic - 90% em UTI e 88,89% em enfermaria;
Hospital São Camilo- 75% em UTI e 83,33% em enfermaria;
Hospital Aldeota - não há leitos ativos.

A procura demasiada por atendimento ambulatorial e internação por Covid-19, por exemplo, levou o Hospital Unimed Fortaleza a remanejar 10 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica para o acolhimento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, na última segunda-feira (4). 

Por meio de nota, a unidade esclareceu que segue com a UTI pediátrica, mesmo tendo sido “remanejada para outra área do hospital". Os demais leitos da ala, cujo número não foi repassado, estão voltados para o atendimento infantil de outras enfermidades.

O diretor clínico do Hospital Unimed Fortaleza, Jurandir Marques, chegou a complementar que a medida tem caráter preventivo, uma vez que há três dias, foram anotados cerca de 248 atendimentos de emergência a pacientes com sintomas de Covid-19, um dos quatro maiores registros desde o início da pandemia no Ceará.

Ajustes

No Hospital São Camilo, o diretor médico Mozart Rolim, informou que a unidade está “tentando expandir leitos de enfermaria e UTI” para conseguir atender todos os pacientes. “Abrimos uma segunda UTI com seis leitos, com previsão de mais quatro até o fim da semana”, ressaltou.

Procurados pela reportagem do Diário do Nordeste, os hospitais Otoclínica e Monte Klinikum não quiseram se pronunciar sobre a problemática.

Para Aramicy Pinto, a situação epidemiológica da Covid-19 exige uma reestruturação das unidades para que elas possam acomodar pacientes infectados. "Eu posso dizer com muita clareza que nós já acendemos o sinal amarelo. Nós vínhamos no sinal verde, e hoje já estamos com sinal de advertência, estamos nos preparando para que se esses números continuarem a subir, tenhamos que abrir novos leitos".

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