Covid-19: “A luz no fim do túnel como todo mundo queria”, relata cearense na Inglaterra sobre vacina

Com o início da vacinação no Reino Unido, cearenses moradoras de cidades inglesas esperam a imunização contra a Covid-19, para realizarem reencontros presenciais

Escrito por Redação ,
Legenda: Livia Barreira e Dean Rhodes aguardam a carta que convoca para a vacina. Apesar de não estarem no grupo prioritário, eles acreditam que ter esperança da vacina é o sentimento que se sobrepõe a todo o resto
Foto: Reprodução

Foram meses de isolamento, medos, perdas e dores. A pandemia chegou como uma tempestade sem qualquer aviso prévio, modificando a vida em países inteiros ao redor do mundo. Após quase um ano sob as nuvens de incertezas trazidas pelo coronavírus, cearenses vivendo no Reino Unido começam a vislumbrar os primeiros indícios de um horizonte marcado por novos dias de sol. “A luz no fim do túnel como todo mundo queria”, aponta a comunicadora Cintia Bailey, 39 anos. 

Vivendo na Inglaterra há mais de 12 anos, hoje reside na cidade de Dartford, localizada ao leste do centro de Londres, e atua como assessora para o National Health Service (NHS), sistema público de saúde do Reino Unido. Por conta de seu trabalho, não vivenciou uma pandemia isolada em casa. “Foi um período de muita excitação. Ninguém sabia o que era a doença, mas eu sentia muita garra no hospital que trabalho”, comenta. 

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Ainda que não conseguissem entender o que era o coronavírus e como ele agia, a unidade dos profissionais foi essencial para gerar sensação de força entre os diferentes profissionais. “Não trabalhei diretamente com pessoas com Covid-19, mas entrei nas áreas de Covid-19 e fiz um vídeo sobre como estava sendo o atendimento nos departamentos, os times”, diz. 

Legenda: Vivendo na Inglaterra há mais de 12 anos, Cintia Bailey trabalha no hospital que é um dos ‘hubs’ da vacinação. "Nosso hospital está cheio de gente com Covid-19, mas a vacina é a luz no fim do túnel como todo mundo queria", diz
Foto: Reprodução

Por isso, após vivenciar todo o esforço realizado em conjunto pela equipe do hospital, foi emocionante descobrir que não só o Reino Unido seria um dos primeiros países do mundo a administrar a vacina, como a unidade que trabalha seria um dos ‘hubs’, “no qual a vacina vai chegar e a partir daqui a gente vai administrar para a comunidade ao redor, para os funcionários e pessoas que trabalham dentro do hospital”, explica. 

“Com certeza o clima é de alívio. Ainda tem muita preocupação, porque a infecção não acabou. Nosso hospital está cheio de gente com Covid-19, mas a vacina é a luz no fim do túnel como todo mundo queria”, diz, Cintia.

Reencontros possíveis

Com a pandemia, foram muitos os hábitos que a jornalista Livia Barreira, 36 anos, precisou suspender. As saídas com amigos, os jantares realizados no jardim de casa e até mesmo as visitas aos familiares do marido, Dean Rhodes, 32 anos. Nos períodos mais difíceis, quando a tristeza chegava com força, as caminhadas na natureza ajudam a amenizar a situação. “Nossa única vantagem é que moramos em uma área da Inglaterra muito verde”, aponta a moradora da cidade de Sheffield, há mais de 5 anos. 

Agora, com a vacina, o sentimento de esperança se sobrepõe a todo o resto, ainda que “não haja uma previsão de quando vai chegar na gente, que somos população jovem, sem doenças e sem ser grupo de risco”, comenta a jornalista. Por conta da saudade do contato e das conversas próximas, acumulada ao longo de todos esses meses, o primeiro desejo a ser realizado após a vacina é organizar uma confraternização com “50 pessoas” nos jardins de casa.

A convocação da vacina, que chega nas casas através de uma carta, é citada em distintas conversas, com expectativas e vislumbres de mudanças. “Conversando com amigos, com pessoas que a gente convive aqui, eu vejo as pessoas na maioria bastante otimistas, querendo também receber a carta em casa”. 

“Espero que a vacina traga pelo menos essa novidade, da possibilidade das pessoas poderem ter uma vacina, para que o próximo ano seja um ano diferente desse ano, mais alegre, com encontros e reencontros com as pessoas”, compartilha, Livia.

Apesar de estar consciente que o retorno para a antiga normalidade não deve ocorrer de forma instantânea, acredita que a expectativa de dias melhores traz novas energias aos moradores de sua cidade. “Já melhora muito os ânimos das pessoas, já se sente um pouco mais feliz, animado, para entrar no próximo ano”, finaliza Livia. 

A cearense Thais Lima, 38, assistente executiva e guia de turismo, moradora de Londres, reitera que o clima é de emoção e celebração. Ela é casada com um cearense e desde 2005 reside na capital inglesa. Eles têm duas filhas nascidas na Inglaterra. O período de isolamento rígido, segundo ela, “foi bem difícil" e a família passou meses até sem ir ao supermercado, realizando compras somente online. 

No verão, foi possível voltar a andar nos parques. “Mas limitamos bastante o convívio social”, acrescenta. Nos momentos de isolamento mais rígido, predominaram o medo e a incerteza do futuro, principalmente, sobre a manutenção dos empregos, explica ela, que desde março trabalha de casa. 

“Em novembro ficamos sabendo do início da campanha de vacinação. Estou em um misto de orgulho e alívio. Tenho críticas à forma que o governo britânico reagiu à pandemia, mas admito que saber que somos o primeiro país a começar a vacinação, é motivo de orgulho”, afirma Thais, mesmo sem conhecimento da data específica que poderá ser imunizada. 

Ser vacinada, além da proteção, também garante uma possibilidade de reencontro com as famílias no Ceará.

"Estou muito esperançosa para que essa notícia chegue o quanto antes no Brasil e a gente possa virar essa página de 2020, dessa pandemia. Espero que a vacina traga resultados bastante positivos para todos nós”, sonha Thais

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