Com pandemia, atendimentos por acidentes domésticos caem 36,6% no IJF

Em 2020, entre março a junho, queimaduras tiveram maior taxa de redução, com 46,9%, saindo de 1.301 ocorrências para 690, segundo o Instituto Doutor José Frota (IJF); quedas e intoxicações lideram acidentes domésticos

Escrito por Redação ,
Legenda: Após diminuição de março a maio, o mês de junho voltou a apresentar pequeno aumento na assistência.
Foto: José Leomar

Na emergência do Instituto Doutor José Frota (IJF), a principal causa de hospitalização por traumas graves ocorre devido a quedas. Em 2019, entre os meses de março e junho, foram registrados 4.549 atendimentos em decorrência de quedas na unidade de saúde, enquanto em 2020, o número caiu para 3.126, redução de 32,3%. Em 2020, os acidentes domésticos causados por intoxicação, quedas, engasgos e queimaduras somaram 11.142 ocorrências, apresentando uma redução de 22,47% em comparação ao ano passado, com 14.372 casos.

Para a médica Riane Azevedo, superintendente do IJF, durante o isolamento social decorrente do coronavírus, foi possível constatar a redução nos atendimento da unidade de saúde. “Isso se deve ao fato das pessoas permanecerem mais tempo em casa. Com isso, os adultos podem dar algumas orientações sobre cuidados, tanto para as crianças, quanto para os idosos”, explica. 

Com a reabertura gradual da economia no Estado, Riane acreditar ser importante abrir o diálogo com crianças e idosos, grupos mais passíveis de sofrer quedas, orientando e prevenindo para que eles possam evitar acidentes. “A gente já observa que a redução, que antes chegou a quase 50%, começa a tender a um aumento”, afirma. 

No terceiro mês do 2020, a redução foi de aproximadamente 20%, diminuindo de 2.523 para 2018. Já em abril e maio, apresentaram respectivamente 44,7% e 50% a menos atendimentos em comparação ao ano passado, equivalente a 1.313 e 1.252 casos.

Em junho, apesar de haver uma redução de 32,27% nos atendimentos, saindo de 2.398, em 2019, para 1.624, neste ano, já foi registrado aumento em comparação aos outros meses de pandemia. 

Acidentes

No caso da aposentada Vânia Cavalcante, 71 anos, a escolha de ir para uma clínica ao invés de recorrer a emergência de um hospital se deu para justamente diminuir a probabilidade de entrar em contato com alguém apresentando os sintomas do coronavírus. A idosa levou uma queda ao andar no quintal de casa, no dia 28 de junho, precisando ser ajudada pela sobrinha. 

Apesar da dor causada pelo ferimento no joelho, Vânia tentou evitar sair para o hospital. No entanto, no dia 6 de julho, decidiu buscar uma unidade de saúde. “Eu andei, virei o pé e cai. Fui para o hospital porque estava sentindo dor. A dor incomoda, porque ando com dificuldade com uma ferida enorme no joelho que maltrata muito”, explica. 

Para a administradora, Francisca Solange Gonçalves, 53 anos, apesar de ter sofrido duas queimaduras em uma mesma região do braço durante a pandemia, a perspectiva de buscar uma emergência nunca foi uma opção. Ao invés disso, passou uma pomada para amenizar a dor.

“Eu jamais iria para o hospital. Faria qualquer remédio caseiro, mas neste momento eu não iria para o hospital por conta de uma queimadura, de jeito nenhum. A não ser se fosse muito grave”, explica. 

Ocorrências

Entre janeiro a junho, em comparação ao ano passado, os casos de acidentes por intoxicação - liderados pelo contato com animais peçonhentos - foram os que mais apresentaram redução, de 32,3%, sendo seguido por queimaduras, com 32%; engasgos, 23,1% e queda, com somente 14,8% de diminuição.

Nesse mesmo período de 2019, 3.104 pessoas foram atendidas devido à intoxicação no IJF, caindo para 2.100 neste ano. Queimaduras reduziram de 1.890 para 1.285, e os engasgos, de 2.745 ocorrências para 2.110.

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