Ceará tem queda de 34% na média de ocupação em UTI entre julho e agosto

Os dados foram extraídos da plataforma IntegraSUS, mantida pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

Escrito por Redação ,

Seguindo o ritmo de queda em relação aos números do novo coronavírus, o Ceará registrou uma baixa de 34,15% na média de ocupação em leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) quando comparados os 20 primeiros dias de julho e agosto. A porcentagem foi obtida pelo Núcleo de Dados do Sistema Verdes Mares, extraídos da plataforma IntegraSUS, gerida pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) nesta sexta-feira (21), às 10h25.

   

A média dos 20 primeiros dias de agosto foi de 391,8 leitos ocupados, enquanto a média em igual período de dias de julho foi de 595. Durante as datas analisadas, os dias com maiores internações foram em 2 de julho, com 708 internações, e 1º e 3 de agosto, ambas as datas com 477 leitos ocupados em UTIs do Estado. 

De acordo com Robério Leite, infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), esse decréscimo na taxa de ocupação dos leitos de UTI, é um indicador muito importante do cenário epidemiológico que o Ceará se encontra. “Isso confirma a curva, consistente, de redução de casos aqui no Ceará, principalmente relacionado a região metropolitana, porque sabemos que temos situações diferentes em todo o Estado”, explica. 

Segundos os dados, os dias com menores registros em UTIs foram computados em 12 julho e 16 de agosto, com 523 e 323 leitos ocupados, respectivamente. Para a infectologista Melissa Medeiros, que trabalha nos Hospitais São José (HSJ) e São Camilo Fortaleza, essa diminuição foi notada visivelmente.

“Desde o final de julho, essa redução. Antes tínhamos vários pacientes Covid, tínhamos que abrir UTI de um dia para o outro, hoje a gente só fecha serviços. Ainda temos leitos [para Covid-19] porque ainda vão acontecer infecções, porque as pessoas voltaram a sair de casa”, relata Melissa. 

A infectologista também aponta que os pacientes internados em UTIs, hoje, são grande parte por outras razões, como os que tiveram seus atendimentos suspensos durante a quarentena. “Infelizmente, durante a pandemia, muitos pacientes deixaram de ser assistidos de suas patologias e a gente tinha uma priorização. Então hoje temos pacientes pós-cirúrgicos, com doenças cardiovasculares, que acabaram ficando meio acumulados. Mas mesmo assim a taxa de ocupação continua baixa”, afirma.  

Retomada   

Os números são importantes para a manutenção do isolamento social e a flexibilização das fases de retomada das atividades no Ceará, monitorado pelo Governo do Ceará. Para Robério Leite, a flexibilização segue um caminho cauteloso e positivo. “Já estamos a algumas semanas nisso, com mais pessoas saindo do isolamento e sem está ocorrendo um rebote de casos e internações, então isso é um ótimo sinal. Mas temos que estar preparados para enfrentar um possível rebote de casos”, destaca. 

“Esse momento, agora, é crucial para vigilância. Fora que as pessoas não sintam que acabou [a pandemia]. É importante uma notícia boa dessas, mas para sustentar esse momento bom é importante a adesão ao distanciamento social, que ainda é importante, só sair quando essencial, usar máscaras, fazer higienização e manter a vigilância”, enfatiza Robério Leite, infectologista. 
 

Fortaleza e os municípios da microrregião da Capital são as únicas cidades cearenses em estágio mais avançado da flexibilização, na fase 4 do cronograma. Contudo, apesar de previsto nesta fase da retomada, escolas e universidades continuam sem aulas presenciais, em todo o Estado.

Internação em tempos de colapso

Para o empresário Alessandro Cavalcante, de 41 anos, a sensação de ter alguém que você ama necessitando de um leito de internação, é uma das piores. No caso do empresário, ele sentiu em dobro, pois a mãe e a irmã foram internadas ao mesmo tempo com Covid-19. A dona Antônia Palhares Cavalcante, 62, e Sandra Regia Palhares Cavalcante, 38, passaram cerca de 15 dias internadas no Hospital São Lucas, no município cearense de Crateús. 

Ambas fazendo parte do grupo de risco, e internadas ainda no começo de junho, quando os leitos ainda se encontravam em uma alta taxa de ocupação, Alessandro conta que o sentimento era de incerteza. “A gente não esperava e é uma doença nova. Eu estava sem andar na casa dos meus pais, para não correrem o risco, mas o vírus chegou até eles. Meu pai não aguentou, minha mãe e minha irmã quase não aguentavam, mas saíram com vida”, relembra.

O pai de Alessandro, Manuel Cavalcante, que chegou a ser entubado, não resistiu a doença. Já a mãe e irmã do empresário, sentiram na pele, o colapso do sistema de saúde, quando precisaram de internação. “O hospital ligava, todo dia, para dar o boletim e teve um período crítico que elas precisavam ser entubadas e não tinha vaga. Então o próprio médico me avisou, que não tinha vaga porque tinha colapsado o sistema”, conta. Hoje ambas encontram-se bem de saúde, mas sem querer sair de casa, temendo serem expostas de novo ao vírus. 


 

 

 

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