Apesar de menos infectados, homens são maioria das vítimas por Covid-19 em Fortaleza

53% dos óbitos registrados eram do sexo masculino, de acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

Escrito por Redação , metro@svm.com.br

Em Fortaleza, os afetados pelo novo coronavírus (SARS-COV-2), têm perfil similar. De acordo com a última atualização da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), a fatalidade da Covid-19 é maior na população masculina. Os homens contabilizaram 53% das 1.580 mortes confirmadas até às 11h13 da manhã desta segunda (25), segundo a plataforma IntegraSUS. 

A alta taxa de vítimas masculinas é ainda mais evidente quando analisada junto ao número de infectados. O mesmo boletim indica que, apesar da Covid-19 estar mais presente na população feminina — as mulheres são 53% dos pacientes atendidos na capital —, o índice de mortes masculinas é maior em quase todas as faixas etárias

Questões culturais podem estar envolvidas, segundo o médico epidemiologista Antônio Lima, gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica de Fortaleza. Ele atua no monitoramento de casos da doença na Capital. “O que a gente observa é que as mulheres procuram mais as unidades de saúde no início dos sintomas, o que é primordial para o avanço no tratamento”, explica “Já os homens só buscam atendimento quando a situação é grave”, completa. 

Atenção à saúde

Outro fator seria a pouca atenção masculina nos cuidados com a saúde. Mesmo que as mulheres e homens tenham a mesma tendência a desenvolver comorbidades, os homens procuram menos tratamento. “Isso está menos controlado na população masculina do que nas mulheres”, ressalta Antônio. “Quando você olha, por exemplo, os casos acima de 80 anos, o número de homens e mulheres é muito próximo, mesmo elas sendo as mais infectadas”, avalia. 

Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) mostrou que 53,7% dos maiores de 18 anos no Ceará podem estar em algum grupo de risco do novo coronavírus. Foram levados em conta idade avançada, doenças como diabetes e hipertensão, além de cânceres, problemas respiratórios, obesidade ou tabagismo. A porcentagem corresponde a mais de 3,6 milhões de pessoas.

População parda mais vulnerável

Além do gênero masculino, o novo coronavírus parece se concentrar também na população parda. A população que assim se reconhece concentra o maior percentual de vítimas do novo coronavírus entre as etnias. Na Capital, de acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) até às 11h13 desta segunda (25), dos 1.580 óbitos registrados, 579 se consideravam pardos. O número é seis vezes maior do que o registro em brancos (95) e 41 vezes mais do que o número de vítimas autodeclaradas pretas (15).

Mortes por Covid-19 em Fortaleza

A disseminação da doença nos bairros periféricos, que concentram a população parda em Fortaleza, pode explicar a prevalência de vítimas com esse perfil. “Nessas regiões existe um acesso menor a saúde. Isso evidencia nossas desigualdade socioeconômicas”, explica Antônio Lima.

A Regional I, que compreende o Grande Pirambu, Barra do Ceará, Cristo Redentor, Jacarecanga e Vila Velha, é a porção da cidade com maior número de óbitos registrados. Segundo o informe epidemiológico da SMS, em uma semana, o número de mortes na região subiu de 232 para 352. A Barra do Ceará desponta na região. 71 vítimas da doença registradas até a última sexta-feira (22). 

As mortes provocadas pela Covid-19 na região são um importante marcador da infecção: se há um óbito, significa que muitos casos estão ao seu redor.

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