Um estudo iniciado no Ceará avalia a possibilidade de identificar a Covid-19 em pacientes através da análise de tomografias computadorizadas dos pulmões. O trabalho poderá ser eficaz para identificar novos casos mesmo após o fim da pandemia, e diferenciá-los de outras doenças respiratórias.
A pesquisa é conduzida no Campus de Sobral da Universidade Federal do Ceará (UFC) e está em sua fase inicial, onde é realizado o levantamento de imagens de tomografias disponíveis em bases públicas do Brasil e do exterior. Os pesquisadores também esperam utilizar imagens do Hospital Regional Norte, localizado em Sobral, e, para isso, aguardam a autorização dos comitês de ética em pesquisa da UFC e do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
Depois disso, serão feitos o estudo e a aplicação de técnicas de segmentação de imagens, para isolar as regiões relevantes do pulmão e identificar adequadamente os casos com Covid-19. Só então será realizada a implementação dos classificadores das imagens, para ajudar os especialistas a distinguir com precisão qual o tipo de doença respiratória que acometeu o paciente analisado.
O trabalho tem como objetivo encontrar uma metodologia que permita diagnosticar a doença sem que futuramente haja necessidade direta do teste em laboratório, ou que possa ajudar na confirmação em casos de redundância dos testes utilizados. Durante a pesquisa, porém, os testes laboratoriais serão considerados para analisar o desempenho da metodologia a ser proposta.
“Eu comecei observando pesquisas em Wuhan, na China, onde já se começava a testar isso. Tem vários trabalhos que ainda estão sendo avaliados para serem publicados fora do país. Então eu comecei a fazer busca de imagens desses trabalhos, que já tinham disponibilizado algumas”, detalha o coordenador do estudo cearense, Iális Cavalcante, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação (PPGEEC) do Campus de Sobral.
Segundo ele, dois médicos acompanharão o trabalho da equipe para avaliar se “estão no caminho certo”. A expectativa é de que os resultados contribuam para formar um protocolo de auxílio para o diagnóstico dentro do período de um a dois anos.
O professor considera, ainda, que o estudo poderá ajudar na identificação da doença causada pelo coronavírus mesmo após o fim da pandemia, com o eventual surgimento de novos casos, e diferenciá-los de outras condições como a Influenza. “A gente não tem ideia de quando vai ser o fim da pandemia, mas há uma demanda de soluções de diagnóstico e tratamento nesse meio tempo. O que estamos tentando é auxiliar nesse processo. Isso pode servir também para outras doenças respiratórias”, diz.