Os resíduos orgânicos gerados em uma casa, em geral, têm um destino certo: o aterro sanitário. Contudo, técnicas como a compostagem poderiam mudar esse caminho e ainda contribuir com o meio ambiente. “A compostagem é um método de tratamento para resíduos orgânicos, que diminui o envio para aterro sanitário, lixão e a disposição inadequada”, afirma Lamarka Lopes Pereira, consultora em Sustentabilidade e Meio Ambiente e professora do curso de Engenharia Urbana e Ambiental da Universidade de Fortaleza (Unifor).
Além de diminuir a quantidade de resíduos descartada, evitando sua disposição em aterro, lixões ou terrenos baldios, a compostagem evita a contaminação do solo e do lençol freático, problemas com odores e infestação de vetores (insetos, roedores, entre outros), além de proporcionar uma fertilização de solo sem agrotóxicos.
Como explica a professora, o método pode ser realizado tanto nas residências (compostagem doméstica) como nos municípios e indústrias (compostagem industrial). “Ao final do tratamento o resíduo gerado é o composto orgânico que é rico em nutrientes, ideal para plantas em geral. Com esse composto é possível cultivar horta orgânica que pode ser construída em casa, apartamento, condomínio, praças, terrenos baldios ou empresas”, acrescenta.
Nesse ecossistema, a atuação do profissional Engenheiro Urbanista e Ambiental é fundamental, seja na condução de atividades técnicas como nas relações humanas dos processos. “A atuação desse engenheiro em municípios, empresas e indústrias é primordial para que os processos domésticos e industriais ocorram da forma adequada e, dessa forma, as pessoas compreendam e participem. Seja empreendendo na sua própria empresa de compostagem, na sua consultoria ambiental para empresas e municípios ou trabalhando como funcionário desses locais, o engenheiro é indispensável”, afirma Lamarka Lopes.
A orientação do profissional evita erros comuns na compostagem como, incluir alimentos impróprios para o processo doméstico, deixar o resíduo muito úmido e não fechar bem a composteira permitindo a entrada de insetos. Para evitar esses problemas, explica a professora, não podem ser colocados todos os tipos de resíduos orgânicos na compostagem doméstica.
“Carne, leite e derivados devem ser evitados, pois são putrescíveis e o processo deve ser acompanhado para evitar a formação de chorume em excesso e a atração de insetos. Para isso, dever ser controlada a umidade com areia ou raspas de madeira e deve ser colocada uma proteção de tela para evitar a entrada e proliferação de insetos”, reitera.
Oportunidades
De acordo com a professora Lamarka, há uma demanda de mercado reprimida no setor de compostagem. “Muitas empresas nos buscam com a necessidade de dar um destino mais nobre aos seus resíduos, mas infelizmente não existem empresas no Ceará devidamente licenciadas para tal atividade”, observa.
“Um recém-formado do nosso curso fez seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre a viabilidade econômica desse negócio. Nesse plano, foi contemplado um pequeno número de empresas atendidas e, mesmo assim, o payback do investimento foi de menos de 6 meses, o que confirma a grande necessidade de empreendedorismo nesse setor e o fato de ter negócios de compostagem abre mais mercado para os engenheiros consultores, que poderão atuar mais fortemente na implantação da educação ambiental para a coleta seletiva dentro das empresas”, argumenta a profissional.
Para além da compostagem, quem escolher a carreira de engenheiro urbanista e ambiental tem diante de si vários caminhos de atuação, como o setor público, por meio de concursos ou contratações especiais, o setor privado, como analista de meio ambiente ou engenheiro, o empreendedorismo com a sua própria consultoria e prestação de serviços, o empreendedorismo de serviços de coleta, tratamento e destino final para resíduos, domiciliares, industriais e/ou agropecuários e a vida acadêmica.
“Vale ressaltar que esta é uma engenharia muito ampla, então vai desde órgãos públicos, prefeituras, secretarias de meio ambiente, empresas privadas, indústrias, corporações, construtoras, empresas de coleta e tratamento de resíduos, tratamento de efluentes urbanos, industriais, agropecuários, controle e monitoramento da qualidade do ar e efluentes gasosos industriais, consultoria ambiental, que engloba licenciamento ambiental e seus estudos, soluções de engenharia para o meio ambiente, entre outros”, elenca.
Curso
Na Unifor, o Bacharelado em Engenharia Urbana e Ambiental é um dos novos cursos que entrarão na grade de 2022.1. Será ofertado na modalidade semipresencial, com duração total de cinco anos. Os graduandos poderão contar com metodologias de ensino-aprendizagem centradas no aluno, com ênfase em resolução de problemas para garantir uma formação baseada no desenvolvimento de competências.
Saiba mais em: https://www.unifor.br/web/graduacao/engenharia-urbana-e-ambiental