Ambulantes tomam mais uma vez o entorno da Catedral Metropolitana

O comércio na via é autorizado das 19h da quarta-feira às 7h da quinta-feira, e das 19h da sexta-feira às 11h de sábado

Escrito por Redação ,
Eletrônicos, chapéus, roupas íntimas e outras peças de vestuário. Todos esses itens podem ser encontrados na feira da Rua José Avelino, uma das mais tradicionais do Centro da Capital. O comércio na via é autorizado das 19h da quarta-feira às 7h da quinta, e das 19h da sexta às 11h de sábado. No entanto, o movimento se estende a outros dias da semana e para outros espaços. Quase que diariamente, as calçadas da Catedral da Sé e de seu entorno são tomados por vendedores ambulantes, que utilizam as grades da igreja como vitrine.
 
Usualmente, quando a feira da José Avelino acaba, às 7h da quinta-feira, a maioria dos ambulantes se desloca de lá para a Catedral. "A gente tenta chegar mais cedo para conseguir um cantinho melhor pra vender. Sempre tem movimento porque os produtos são mais em conta", relata a vendedora Sindovania Ramalho. Conforme outros feirantes contaram à reportagem na manhã desta quarta-feira, a feira só estava acontecendo àquela hora porque o “rapa”, apelido pelos quais os fiscais da Prefeitura são conhecidos, não havia chegado ao local ainda, pois estava atuando em outros pontos do Centro.
 
Impasses com os ambulantes da região não são novidade e são geridos pela administração municipal, por meio da Secretaria Executiva Regional do Centro de Fortaleza (Sercefor). Por determinação do órgão, as vendas de ambulantes só são permitidas na Rua José Avelino, Travessa Icó, Feirão do Viaduto e Rua Governador Sampaio, nos horários já mencionados. No entanto, os vendedores insistem em tomar outros espaços, ainda que tenham medo de perder as mercadorias.
 
Fiscalização
 
Outras ocupações fora desses trechos são consideradas irregulares e se tornam focos de operações da fiscalização. De acordo com a Sercefor, ações de apreensão de mercadorias acontecem com regularidade porque os ambulantes se recusam a agir conforme a proposta da Prefeitura.
 
Segundo os ambulantes, os agentes do “rapa” aparecem sem aviso e costumam agir com truculência, tomando mercadorias tanto de vendedores quanto de compradores. Em nota, a Sercefor informou que o trabalho da fiscalização é realizado, primeiro, por meio de uma abordagem educativa, orientando os ambulantes que estão descumprindo os limites do acordo a se retirarem. A mercadoria só é apreendida caso o vendedor dificulte a abordagem.
 
Em média, nove homens, entre fiscais e auxiliares, atuam diariamente na fiscalização do comércio ambulante do Centro da capital. Nos dias de feira, esse número pode chegar a 25. Apesar das fiscalizações sistemáticas, há desafios na regulamentação definitiva dos vendedores de rua por conta das irregularidades constantes na ocupação das vias públicas.
 
Resistência
 
Porém, os ambulantes não enxergam outra forma de conseguir renda. "Até merenda está difícil de vender. Muita gente tira o sustento daqui, porque não tem trabalho em canto nenhum. Se a gente não precisasse, não ia estar aqui", afirma Ângela Batista, ambulante na região há dez anos. Já para Reginaldo Rocha, vendedor há cinco anos, "se pudessem organizar essa feira três dias na semana, já ficava melhor para a gente".
 
Segundo a assessoria da Sercefor, o órgão vem realizando estudos a fim de estabelecer locais específicos para o comércio ambulante no Centro da cidade. Em 2013, por exemplo, parte dos comerciantes que ocupavam a Praça da Estação foi transferida para o Centro Municipal de Pequenos Negócios (CMPN), o Beco da Poeira.
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