Acompanhantes de pacientes oncológicos denunciam lotação no Crio

Contudo, a unidade afirma estar seguindo os protocolos de segurança necessários durante a pandemia

Escrito por Redação ,
Acompanhantes de pacientes em tratamento na unidade também reclamam de demora no atendimento
Legenda: Acompanhantes de pacientes em tratamento na unidade também reclamam de longa demora para conseguir atendimento
Foto: Arquivo pessoal

Diariamente, Marcelo (nome fictício) vai ao Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), localizado em Fortaleza, para fazer sessões de radioterapia. Diagnosticado com câncer de próstata, Marcelo é mais um dos pacientes que, agora, também luta para receber atendimento em meio à lotação da unidade e atraso das consultas, denunciados por acompanhantes.

Familiar e acompanhante do paciente, que prefere não se identificar, relata que apesar de haver horário marcado para iniciar o tratamento, Marcelo chega a esperar de quatro a cinco horas para receber o atendimento. “Eles não têm uma fila de prioridades para aqueles que já estão frágeis devido ao tratamento, ou idosos mesmo, além do risco de contaminação por coronavírus, porque tem muita aglomeração”, expõe. 

“Não tenho o que reclamar do atendimento em si, do tratamento. Mas, todos os três turnos do Crio são lotados. Em qualquer horário que chegue, está sempre assim”, acrescenta.

Segundo o relato da acompanhante, alguns pacientes estão sendo privilegiados com atendimento mais rápido mesmo sem ter horário agendado previamente. “Chega um paciente para uma consulta com o médico e, no lugar do nome dele ser colocado em um painel de chamadas, ele vai direto para a sala de radioterapia, enquanto as outras pessoas que chegaram antes ficam esperando horas. A situação ainda piora pra quem é do interior e espera dentro de ônibus lotados, passando calor”. 

Além da longa espera, a familiar ainda relembra de um momento em que a máquina de radioterapia parou de funcionar e nenhum paciente foi avisado. “Eles deixam o paciente chegar até o Crio para avisar que a máquina quebrou e não haverá atendimento. Agora, imagina receber uma notícia dessas tendo percorrido vários quilômetros para estar ali, já em estado debilitado, como é o caso de vários pacientes do interior?”, indaga. 

Em situação parecida estão Márcia (nome fictício) e o filho, de nove anos. A criança faz tratamento contra um câncer na unidade de saúde. “Estamos finalizando o tratamento dele nesta quinta-feira (15), mas o que ficou neste período de atendimento aqui foi o descaso, depois das 20 sessões. A gente entende que a demanda é grande, mas ainda sim tem muita aglomeração lá”, fala. 

Atendimento

Apesar dos relatos, o Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio) informou, por nota, que o atendimento segue, como critério de prioridade, a gravidade do paciente. “Pacientes internados, crianças e pacientes acamados. Mais de 60% dos nossos pacientes são idosos, por isso a prioridade é devido à gravidade e não por idade”.

Durante a pandemia, a unidade afirma que está seguindo as medidas sanitárias necessárias para minimizar a exposição dos pacientes ao vírus. “Há aferição de temperatura na porta, distanciamento com bloqueio de algumas cadeiras, além de orientação aos pacientes, para que venham com no máximo um acompanhante”, explicita a nota.

Sobre os relatos de aglomerações no Crio, a unidade afirma apenas que houve um aumento muito grande da demanda de pacientes reprimida durante os meses críticos da pandemia no Estado. “A grande maioria desses pacientes são de estágio avançado, muitos desses pacientes graves e que não podem esperar pelo tratamento, o que eventualmente, aumenta o número de pacientes dentro do serviço. É uma situação muito difícil, uma vez que esses pacientes tem uma urgência de tratamento com risco de terem um prejuízo em seu prognóstico”.

Já em relação às falhas em equipamentos, o Centro informou que “a parada é imprevisível, temos engenheiros e técnicos disponíveis 24h para manutenção. Se, de repente, tem algum problema, informamos aos que estão aguardando e aos que ainda virão”.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
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