Acidentes nas estradas caem 81% no Estado durante o Carnaval

Levantamento da Seguradora Líder, com base nas ocorrências registradas e já indenizadas, apontam redução dos casos entre os anos de 2014 e 2018 no Ceará. Motociclistas estão entre as principais vítimas

Escrito por Renato Bezerra , renato.bezerra@diariodonordeste.com.br
Legenda: Ultrapassagem indevida e excesso de velocidade estão entre as principais causas de acidentes
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

O número de acidentes registrados no período do Carnaval seguiu em queda nos últimos cinco anos, segundo aponta levantamento da Seguradora Líder obtido pelo Núcleo de Dados do Sistema Verdes Mares, tendo como base ocorrências já indenizadas pela operadora. Em 2014, no Ceará, o seguro DPVAT indenizou 1.427 acidentes ocorridos entre a sexta-feira de Carnaval e a Quarta-Feira de Cinzas. Já no ano passado, 266 sinistros foram indenizados no Estado, uma redução de 81,35%. Os dados, no entanto, podem aumentar, uma vez que vítimas e familiares têm até três anos para solicitar o benefício.

Em igual período, mais de 40% das ocorrências aconteceram no sábado e domingo de Carnaval. Pelo tipo de veículo, a motocicleta foi a principal envolvida nos acidentes. Somente no ano passado, do total de indenizações pagas no Ceará, 226 foram para vítimas nesse modal, cerca de 84% do total de ressarcimentos do ano. Levando em consideração acidentes envolvendo apenas os condutores, 63% das vítimas foram motociclistas, diz o levantamento. Ainda segundo o DPVAT, o perfil majoritário entre as vítimas é de jovens entre 18 e 34 anos de idade.

Em Fortaleza, a redução de mortes por ocorrências de trânsito durante o Carnaval também é verificada. De acordo com a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), 18 pessoas morreram entre os anos de 2014 e 2018, do sábado até a Quarta-Feira de Cinzas. No quinquênio anterior (2009 a 2013), haviam sido registrados 22 acidentes fatais. Nas estradas federais que cortam o Ceará, as ultrapassagens indevidas, o excesso de velocidade e a embriaguez ao volante estão entre as práticas cometidas que mais resultam em acidentes graves e fatais, segundo destaca o chefe de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), inspetor Flávio Maia.

"Principalmente as ultrapassagens indevidas, devido à dinâmica do acidente, que muitas vezes causam as colisões frontais. Nesse caso, as velocidades são somadas, ocasionando um grande impacto e isso resulta, muitas vezes, em verdadeiras tragédias. A gente também flagra ultrapassagens indevidas com excesso de velocidade e o risco aumenta mais ainda, pois quando não ocorrem as colisões, os condutores saem da pista na tentativa de evitar o choque e acontecem os capotamentos".

Operação

O combate a essas infrações, segundo explica, será o foco principal da operação do órgão durante o Carnaval 2019, junto com a coibição do comportamento de risco por parte dos motoristas, como o retorno proibido e o não uso, ou uso incorreto, do capacete.

Entre as rodovias com a maior incidência de acidentes, destacam-se BR-116, BR-222, BR-020 e BR-304. O inspetor explica, ainda, que a sexta e o sábado de Carnaval são os dias com maior risco, em virtude do aumento do fluxo nas estradas, assim como a partir da terça-feira, à tarde.

"Mas durante todos os dias, as pessoas que vão festejar no interior ficam em deslocamentos entre cidades próximas e, às vezes, ingerem bebida alcoólica, também demandando nossa atenção. A gente aproveita as abordagens, principalmente entre os motoristas que já cometeram infrações, e fazemos um trabalho educativo, mostrando o risco que aquela conduta traz pra eles e para as famílias deles. Com isso, estimulamos a adoção de pequenas escolhas durante o seu deslocamento que podem resguardar a vida", ressalta o inspetor.

Ainda como medidas preventivas antes de viajar, a PRF orienta aos condutores a verificação das condições dos veículos, a exemplo dos pneus, sistemas de freios e iluminação, entre outros. "A condição física do motorista também deve ser levada em consideração. Ele não pode estar fadigado, ter ingerido bebida alcoólica ou substância psicoativa", aconselha Flávio Maia.

A reportagem solicitou números absolutos de acidentes nas estradas ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) para análise comparativa, mas até o fechamento desta edição, a demanda não foi respondida.

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