Vovô e Leão avançam juntos e se enfrentam nas semifinais na terça

Ceará e Fortaleza mostraram a força do futebol cearense na Copa do Nordeste, superando Vitória e Sport, em Salvador, e, com isso, farão um inédito Clássico-Rei em mata-mata por uma vaga na final, já na terça-feira

Legenda: Vina fez o único gol do jogo que garantiu a classificação alvinegra
Foto: FELIPE SANTOS/CEARASC.COM

Pelo patamar que chegarem no futebol brasileiro, como integrantes da Série A, bem administrados e com bons elencos, Ceará e Fortaleza viraram referências na região Nordeste. E por isso, nada mais natural que os dois clubes assumam um protagonismo, com grandes resultados esportivos. E ontem foi mais uma prova deste poderio, com Vovô e Leão superando outras potências da região, que comandaram os títulos por muito tempo: Vitória e Sport.

Ao eliminar os dois rubro-negros, Ceará e Fortaleza avançaram para as semifinais da Copa do Nordeste, e pela formação de tabela, duelarão em jogo único nas seminais, já na terça-feira, em local e horário ainda a serem definidos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Ou seja, um time cearense já está garantido na decisão do Nordestão, o que tem virado uma constante nos últimos anos, com o Ceará finalista e vice em 2014, campeão invicto em 2015 e o Fortaleza campeão em 2019. 
O caminho de ambos para chegar à semifinal foi diferente, mas não em dificuldade. Só o meio: em dois duelos difíceis, o Ceará no Pituaçu, contra o Vitória, e o Fortaleza diante do Sport, no Barradão, o Alvinegro venceu o Vitória, por 1 a 0, gol de Vinícius, de pênalti, e o Leão precisou decidir nas penalidades máximas para avançar.

Ceará x Vitória
O triunfo do Vovô sobre o Vitória pode ser resumido em uma palavra: resiliência. O time de Guto Ferreira conseguiu se adaptar bem ao jogo proposto pelo oponente, apertando a marcação e suportando os contragolpes.
Faltou criação pelos lados dessa vez. Principal válvula de escape do time, Rick foi substituído após falta aos 22 minutos da etapa inicial. Vitor Jacaré estreou com a camisa alvinegra, mas não tem o porte do camisa 37 para arrancar e segurar a bola no ataque.

O Ceará ainda perderia dois pilares no decorrer do duelo. Rafael Sóbis passou mal e saiu de campo ao fim da 1ª etapa. Sorte que, minutos depois, a finalização de Vina bateu no braço de Thiago Carleto dentro da área. Pênalti aos 45 minutos, assim como contra o CRB pelas quartas. De novo, o Camisa 29 cobrou no canto superior direito, explodindo no travessão e morrendo nas redes rubro-negras: 1 a 0 antes do intervalo.

O Leão Baiano voltou mais ligado na 2ª etapa, adiantando a marcação e usando mais as pontas enquanto explorava as brechas abertas pelos avanços alvinegros. O ataque do Ceará, inclusive, foi talvez o menos incisivo desde a retomada. Jacaré estava sem ritmo após meses parado e Eduardo, substituindo Samuel Xavier na lateral direita, deu pouca amplitude. No mesmo lado, Fernando Sobral marcava mais do que subia, fazendo o extremo daquele setor praticamente inexistente.

Em um dos contragolpes rubro-negros, Jordy superou Luiz Otávio na corrida e sairia na cara de Fernando Prass, não fosse pela falta do zagueiro antes. Cartão vermelho direto para o camisa 13 e muita pressão caindo sobre os ombros do Vovô aos 15 minutos.

A ordem no Ceará mudou a partir daí: foco total na defesa. Marthã e Klaus entraram nos lugares de Vina e de Ricardinho e o time aguentava as ofensivas do Vitória em um 4-4-1, com Cléber solitário esperando eventual contragolpe puxado por Jacaré.
Apesar da desvantagem numérica, a situação esteve sob controle de Guto. Nervoso à beira do campo, viu seu time consciente taticamente e disposto a seguir as jogadas adversárias até o fim, principalmente Charles. Mais uma vez, o volante brilhou na faixa central, roubando e distribuindo a posse com propriedade.

Restou ao Vovô esperar com paciência e controle em sua zona defensiva contra um Vitória ansioso e de poucas alternativas técnicas. Assegurada a classificação, o desafio de Guto na semifinal será o maior até aqui no comando do grupo: um Clássico-Rei que decide o finalista, em jogo único, sem Luiz Otávio e com dúvidas sobre Rick, destaque do time nas últimas partidas.

Fortaleza x Sport

Foi difícil, mais do que o esperado, pela campanha e momentos das equipes, mas o Tricolor também é semifinalista. Após empate em 0 a 0 no tempo normal, o Tricolor de Aço precisou das penalidades máximas para passar pelo Sport.
O Tricolor de Aço fez uma partida abaixo da esperada, por isso a dificuldade em se classificar diante de um adversário tecnicamente inferior. O time pernambucano, em crise e longe de ter uma grande equipe, equilibrou um jogo que parecia favorável ao Tricolor de Aço. 

Legenda: Goleiro Felipe Alves ajudou a garantir a classificação tricolor com defesa na cobrança de pênaltis
Foto: BRUNO OLIVEIRA/FORTALEZAEC

Embora Rogério Ceni tenha escalado um time ofensivo, com suas principais peças - apenas Tinga era desfalque - o Leão não rendeu como se imaginava, criando muito pouco ao longo do jogo e ainda dando espaços e chances para o Sport assustar.

No 1º tempo, mesmo com mais posse da bola e o domínio do jogo, o Leão não conseguiu furar o bloqueio defensivo do Sport. Ciente de suas limitações, o time de Daniel Paulista jogou mais recuado, para não dar espaços aos velozes atacantes leoninos, principalmente Romarinho e Osvaldo. A rigor, a única chance do Leão no 1º tempo foi aos 28 minutos em chute colocado de Romarinho, raspando a trave.

No 2º tempo, o Sport voltou mais agressivo e deu um susto no Leão com três minutos: Hernane Brocador viu Felipe Alves adiantado, mandou de cobertura, do meio-campo, mas o goleiro do Tricolor mostrou agilidade, conseguindo evitar o gol com bela defesa.

Com o jogo muito faltoso e uma grande quantidade de cartões amarelos, as chances criadas eram raras, com os dois times não cedendo espaços para criação de jogadas.
As raras investidas leoninas eram bloqueadas pela bem postada defensa rubro-negra, possibilitando contra-ataques. E um destes, Rafael quase marcou para o Sport.

Só na parte final do jogo o Fortaleza melhorou, mas só criou duas chances, primeiro com Romarinho batendo por cima, depois com Felipe em chute forte de fora da área.

Com o empate sem gols, a vaga foi definida nos pênaltis. E nas cobranças, o Tricolor de Aço foi melhor, convertendo sempre suas cobranças, e tendo Felipe Alves como decisivo, pegando logo as duas primeiras penalidades, com Leandro Barcia e Patric. Perfeito nas batidas, o Leão garantiu vaga na 4ª cobrança, convertida por Edson Cariús, vencendo por 4 a 1. Era a festa do Leão e vaga na semifinal.