Vasco tem R$ 93 milhões penhorados e clube protesta: 'inviabiliza completamente o funcionamento'

O comunicado afirma ainda que o Cruz-Maltino irá recorrer da decisão. O clube acredita que a determinação "será suspensa e reformada em breve"

Legenda: Estádio São Januário, localizado no Rio de Janeiro, recebe os jogos do Club de Regatas Vasco da Gama
Foto: Rafael Ribeiro/Vasco

O Club de Regatas Vasco da Gama vive mais um drama judicial em sua história. Na última terça-feira (17), o juiz Fernando Reis de Abreu, gestor de centralização do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região (TRT-1), determinou a penhora de R$ 93.579.695,94 do clube carioca. A medida é referente a quitação de todas as dívidas trabalhistas do Cruz-Maltino.

A decisão do TRT-1, no entanto, foi recebida com muita insatisfação pela cúpula vascaína. Em nota oficial, divulgada na manhã desta quarta-feira (18), a diretoria do Vasco da Gama afirmou que a decisão do juiz Fernando Reis de Abreu "pretende decretar o encerramento das atividades” e que “inviabiliza completamente o funcionamento do Vasco". (confira nota oficial abaixo).

O comunicado afirma ainda que o Cruz-Maltino irá recorrer da decisão. O clube acredita que a determinação "será suspensa e reformada em breve".

Momento do Vasco

Rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro na temporada passada (2020), o Vasco da Gama briga para retornar à elite do futebol nacional. Atualmente, a equipe carioca figura na 9ª colocação, com 28 pontos conquistados, em 18 partidas.

O Cruz-Maltino está a três pontos do G4 da segunda divisão. O Vasco entra em campo nesta quarta-feira (18), às 21h30, contra o Londrina, no Estádio São Januário, no Rio de Janeiro.

Confira nota do Vasco na íntegra

"O Club de Regatas Vasco da Gama (“Vasco”) informa que ainda não foi intimado da decisão proferida ontem, 17/08, pelo juiz gestor do CAEX, e se reserva o direito de combater esta decisão no momento oportuno e pelas vias judiciais próprias. No entanto, o Vasco desde já presta os seguintes esclarecimentos:

A surpreendente decisão do juiz gestor da CAEX, Dr. Fernando Reis de Abreu, inviabiliza completamente o funcionamento do Vasco e o cumprimento de suas obrigações mais básicas, além de impor a liquidação de ativos operacionais do clube. Na prática, a decisão, de forma absolutamente açodada, pretende decretar o encerramento das atividades de um clube que tem a 5ª maior torcida do país e que dispõe de todas as condições necessárias para reverter o atual estado de crise econômico-financeira, como vem demonstrando no presente exercício social.

Ressalta-se que esta decisão vai na contramão do momento vivido pelo futebol nacional, especialmente se considerarmos que há uma semana entrou em vigor a Lei da Sociedade Anônima do Futebol, pela qual o legislador criou meios para assegurar a viabilidade dos clubes brasileiros, incentivando sobremaneira o ingresso de novas receitas e estimulando o desenvolvimento do esporte desde as suas divisões de base, como vetor do crescimento econômico-social.

O juiz gestor da CAEX parece querer avocar para si o destino dos mais de 500 empregados do Vasco e de suas famílias, de 15 milhões de torcedores apaixonados e de um clube que ao longo de seus quase 123 anos de existência prestou relevantes serviços para a sociedade, como a precursora luta contra todos os tipos de discriminação, ainda em 1924, e que serviu de palco para momentos marcantes da História do Brasil, como a promulgação da Consolidação das Leis Trabalhistas e a criação do salário-mínimo, ambas anunciadas à sociedade da tribuna de honra do estádio de São Januário.

Igualmente surpreendente, a decisão foi proferida apenas 4 dias após o mesmo juiz afirmar, em decisão anterior, ter a “absoluta certeza de que, conversando, conseguiremos chegar em um denominador comum”, e logo no dia seguinte à primeira audiência em que se discutiu o regime especial de execução forçada por ele imposto ao clube.

Chama atenção, ainda, o fato de o juiz gestor da CAEX ter usado dois pesos e duas medidas em casos semelhantes, pois, em caso envolvendo outro clube que enfrenta os mesmos problemas que o Vasco, ele não apenas não determinou o regime especial de execução forçada, como ainda cancelou uma penhora de mais de R$ 20 milhões que inviabilizaria aquele clube.

Ao tomar posse, há pouco mais de 6 meses, a atual gestão do Vasco se deparou com a maior crise da história da instituição e tem tomado todas as medidas necessárias para cumprir com suas obrigações e recuperar sua credibilidade. Essa mesma situação é vivida por outras instituições – públicas ou privadas – Brasil afora, e requer tempo e muito empenho para sua resolução, principalmente no desafiador cenário pandêmico que vivemos.

O Vasco informa que vai recorrer da decisão e confia que ela será suspensa e reformada em breve. Se necessário, o clube se utilizará de todos os instrumentos jurídicos disponíveis para assegurar a continuação de suas atividades e o cumprimento de suas obrigações com empregados e fornecedores."