Torcedores seguem cortejo fúnebre de Maradona pelas ruas de Buenos Aires

O sepultamento do ex-jogador acontece em um cemitério de Jardin Bella Vista, uma província a 37 km da capital argentina

Legenda: Momento em que o corpo de Maradona deixa a sede do governo argentino
Foto: AFP

Após um dia de homenagens ao ídolo argentino Diego Armando Maradona durante o velório que ocorreu na Casa Rosada, sede do governo, em Buenos Aires, deu-se início no fim da tarde desta quinta-feira (26) o cortejo fúnebre que leva o corpo do jogador.

De acordo com informações da imprensa argentina, o trajeto que fará o cortejo foi bloqueado meia hora antes do início, portanto não há trânsito. Carros desfilam pelas avenidas de Buenos Aires. 

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Na Avenida 25 de Mayo, torcedores e fãs enlouquecidos de Maradona correm atrás dos carros em direção ao cemitério de Jardin Bella Vista, a 37 km da capital argentina, onde acontece o sepultamento.

Confusão

Em meio à pandemia de Covid-19, mais de 1 milhão de pessoas eram esperadas para o evento público. Milhares já aguardavam para entrar na Casa Rosada às 6h desta quinta, quando as portas do edifício histórico se abriram para receber os fãs.

Caixão com Maradona segue para o cemitério
Legenda: Caixão com Maradona segue para o cemitério
Foto: JUAN MABROMATA / AFP


As tentativas de manter o distanciamento social por conta da pandemia e a organização da entrada dos admiradores fracassaram logo de cara. Havia grades de metal para tentar conter o volume de gente, mas elas eram constantemente derrubadas, porque alguns queriam passar adiante dos outros.

Muitos desses torcedores haviam passado a noite entre o Obelisco e a Praça de Maio, onde foram realizadas as homenagens na quarta, e vários estavam embriagados.

Com esforço, seguranças conseguiam convencer que alguns pelo menos colocassem a camiseta e a máscara antes de entrar no recinto.
À tarde, a situação piorou. Apesar da fila de mais de dez quarteirões para ver Maradona, os organizadores interromperam a entrada de mais gente a partir das 15h.

Até o local do velório, os torcedores tinha de ficar três horas ao sol, entre duas linhas de placas de metal. Concluiu-se que não haveria tempo para que o corpo deixasse o local entre 16h30 e 17h, que era o combinado entre a Presidência e a família do ex-jogador.

Começou, então, a haver correria e revolta entre os presentes quando informados de que muitos deles não chegariam perto do ídolo.

A polícia interveio com gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha, principalmente na entrada da Praça de Maio, e perto das cercas da Casa Rosada.
"Diego é do povo! Deixem-nos entrar", gritavam. Muitos não usavam máscaras de proteção, ou as usavam de forma errada, caídas no queixo. Não havia distanciamento nem controle por parte das autoridades para as medidas sanitárias básicas.

Após alguns manifestantes conseguirem pular para a Casa Rosada, o governo anunciou que o velório se estenderia até as 19h.

Quando isso foi divulgado, porém, a fila já se havia desfeito. Muitas pessoas estavam espalhadas pela praça. Alguns torcedores conseguiram entrar pulando no local pela parte de trás do edifício.

Funcionários do governo, atrapalhados, tentavam reorganizar uma fila do zero, entre cidadãos que cooperavam e outros que não queriam obedecer e tentavam forçar a entrada, sem respeitar ordem de chegada.

Às 15h30, um novo grupo de torcedores, mais numeroso, entrou à força no pátio interno da Casa Rosada, o que levou a polícia a atirar novamente gás lacrimogêneo.

Os organizadores do evento decidiram, por segurança, remover o caixão com o corpo de Maradona do local, o que causou mais gritaria entre os torcedores.
Até então, o lado de dentro era bem mais controlado. O caixão estava fechado e a princípio coberto com uma camiseta da Argentina de número 10 e outra do Boca Juniors.