Saúde mental de atletas é prioridade após adiamento da Olimpíada

Comitê Olímpico Brasileiro tem monitorado situação emocional dos atletas para evitar que a ansiedade possa atrapalhar o desempenho e o treinamento deles. Jogos Olímpicos ficaram para o meio do ano de 2021

Legenda: Rebeca Andrade vem em conversas com sua psicóloga neste período de pandemia
Foto: VALERY SHARIFULIN/TASS

O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021, entre 23 de julho e 8 de agosto, foi recebido com alívio pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). Com isso, o planejamento da entidade está sendo refeito, mesmo ainda em meio a incertezas. A pandemia da Covid-19, razão que forçou a mudança histórica no calendário da Olimpíada, tem impedido atletas do mundo todo de treinar com normalidade. Mas a principal preocupação do COB, ao menos neste momento, não é a parte física dos esportistas brasileiros, e sim a psicológica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma cartilha com dicas para controlar o estresse e a ansiedade gerados pela disseminação da doença. Uma das principais recomendações do órgão é limitar a quantidade de notícias diárias consumidas.

"Se esse processo se estender muito, gera um impacto emocional grande. Os atletas são pessoas extremamente ativas, não estão acostumados ao processo de reclusão. Os profissionais de preparação mental estão tentando antecipar situações de maior abalo", frisa o diretor de esportes do COB, Jorge Bichara.

A entidade distribuiu aos atletas brasileiros um manual com recomendações para treinos, alimentação e prevenção do novo coronavírus. O guia do COB também inclui uma seção para a saúde mental. Entre os conselhos estão o estabelecimento de uma nova rotina, buscar informações médicas com a equipe do Comitê e tentar manter o pensamento positivo diante da situação extraordinária.

A entidade afirma estar atenta a possíveis casos emergenciais relacionados ao equilíbrio mental dos esportistas no período da pandemia e tem colocado psicólogos para o atendimento remoto a atletas.

A psicóloga Sâmia Hallage, que já trabalhou com Diego Hypolito, notou um quadro de angústia nos atletas nas últimas semanas. "A gente está em um período diferente do que vive normalmente. O que trabalho com eles é que precisamos usar esse período ao nosso favor. Sobre a pandemia, nós não temos controle, mas sim sobre o nosso comportamento".

Número 82 do ranking mundial de tênis, o cearense Thiago Monteiro segue com chances de classificação aos Jogos e tem trabalhado com o constante perigo da Covid-19. "Esse é um momento de ter cuidado, de pensar primeiro na saúde e proteger as pessoas para que esse vírus se vá o mais rápido possível. É triste não poder jogar, mas sabemos que é por um motivo acima de qualquer coisa".

A ginasta Rebeca Andrade operou o joelho direito em junho de 2019, sua 3ª cirurgia na região. Após nove meses longe de torneios, ela voltou a competir na etapa de Baku da Copa do Mundo de Ginástica Artística, no início de março. Sua chance de classificação a Tóquio 2020 viria no Pan-Americano de maio, nos EUA.

Com o adiamento da Olimpíada, a ginasta, que tem se consultado virtualmente com sua psicóloga, ganhou mais tempo para se preparar, ainda que dentro de casa.

"Eu fiquei bem feliz com a notícia do adiamento da Olimpíada. A gente está passando por uma situação muito difícil e seria muito arriscado colocar todos nós numa situação assim. Estou procurando me manter em forma da melhor maneira possível, me alimentando bem, fazendo os exercícios corretos, conversando com a psicóloga", finalizou.