Raio-X do Brasileirão: Ceará e Fortaleza alcançam objetivos em 10 rodadas da Série A; veja balanço

Times cearenses conseguem resultados expressivos na competição e ficam em zona de classificação para a Copa Sul-Americana de 2021 com táticas diferentes sob comando de Guto Ferreira e Rogério Ceni, respectivamente

Legenda: Ceará e Fortaleza tiveram vitórias marcantes em 10 rodadas. O Alvinegro bateu o Flamengo na 10ª rodada, já o Fortaleza venceu o Bragantino por goleada
Foto: Fotos: Kid Júnior e Thiago Gadelha

Uma mudança de eixo, de protagonismo e de tipo de disputa. Após 10 rodadas realizadas na Série A do Campeonato Brasileiro, as campanhas de Ceará e Fortaleza deixam os clubes figurarem na primeira parte da tabela, o G-10, e, hoje, em zona de classificação para a Copa Sul-Americana. O saldo supera os desempenhos de 2019, quando o Vovô era o 14º, e o Leão estava em 13º.

O recorte não muda os objetivos. Cada diretoria trabalha em prol da manutenção na elite nacional: a meta de toda a temporada de 2020. Mas o apresentado em campo oferece arranjos para ampliar o debate e projetar sonhos maiores, mesmo com cautela.

Veja balanço completo e números de Ceará e Fortaleza em 10 rodadas

No contexto atual, o Vovô está em 9º, com 13 pontos, e o Leão ocupa a 10ª colocação, com 12. Apesar do cenário de pandemia da Covid-19, com rivais somando menos partidas, os representantes cearenses ultrapassam equipes como: Grêmio (12º), Athletico/PR (13º), Corinthians (15º), Bahia (16º) e Botafogo (17º) - instituições de porte financeiro superior.

Os resultados positivos também entram no potencial de atuação e servem para externar modelos táticos distintos e eficientes dentro das respectivas estratégias. O Alvinegro, por exemplo, venceu times de alto e médio porte: Bahia (2x0), Fortaleza (1x0), Flamengo (2x0) e Atlético/GO (0x2). Os tricolores conseguiram bater os adversários diretos: Bragantino (3x0), Sport (1x0) e Goiás (1x3).

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Estratégias e ajustes

A construção de cada vitória passa por características principais de Guto Ferreira e Rogério Ceni. Com tempos de trabalho distintos - o ex-goleiro tem mais experiência à frente do Leão - os treinadores conseguiram implantar um 'DNA' competitivo diferente em cada grupo. E uma das explicações sobre as táticas adotadas está na construção dos gols.

A média de Ceará e Fortaleza é de um tento por partida. A similaridade também existe quando não balançaram as redes: os dois 'passaram em branco' em quatro exibições. O perfil final, no entanto, é de assimetria. Os detalhes e as nuances dos gols externam as escolhas ofensivas de Vovô e Leão no Brasileirão - ambos se equiparando em nível técnico aos concorrentes e deixando o gramado com possibilidades de pontuação.

Legenda: Atacante Osvaldo fez o primeiro gol na Série A de 2020
Foto: divulgação / Fortaleza

Defesa sólida

A participação alvinegra tem maior versatilidade e repertório no coletivo. São quatro gols de bola parada (falta ou escanteio), dois com organização ofensiva (quando um time está postado para atacar outro com sistema defensivo organizado) e quatro em transição (ao recuperar a posse e iniciar o ataque rápido sem as linhas rivais compactas).

Com Guto, o Ceará evoluiu na competição e se mostrou um time de defesa sólida. A marcação tem início no ataque, em linhas alternadas, e o desarme impõe logo um contra-ataque rápido com extremos agudos, como Fernando Sobral e Leandro Carvalho. Como há um padrão estabelecido de domínio da posse, ser reativo traz eficiência. A equipe rouba muitas bolas (2º melhor da Série A), troca poucos passes (18º em posse) e se tornar objetiva, através de estilo simples e excesso de entrega dos escalados.

Legenda: Charles marcou o segundo gol da vitória do Ceará sobre o Flamengo
Foto: Kid Junior

Ataque inteligente

No caso do Fortaleza, Rogério Ceni trabalha sob a ótica do protagonismo em campo: é manter atuação de 'igual para igual' com o adversário em posse, total de finalização e chances criadas. Na angulação dos gols, a construção ocorreu com: três de bola parada e sete em organização ofensiva, ou seja, nenhum em transição ofensiva rápida.

O panorama traduz um time pensante, quase monótono. O Tricolor aprendeu a administrar a posse de bola (9º melhor na Série A de 2020) com cuidado, apresentando repertórios na saída de bola que se alternam dos toques curtos dos zagueiros aos lançamentos de Felipe Alves (3º em bolas longas).

O choque é entres coletivos organizados, e o Fortaleza tem a vantagem pelo ensaio: os atletas possuem rotas orquestradas no último terço do campo. As funções seguem padrões estabelecidos para conduzir a bola até o 1x1 de Romarinho e Osvaldo nos extremos, exigindo a individualidade para romper as linhas adversárias (4º em drible no Brasileirão).

Melhor desempenho

A média histórica para garantir permanência no atual formato da Série A é de 43 pontos. A projeção é trabalhada internamente por Ceará e Fortaleza para manutenção fora do Z-4. Para Gustavo de Negreiros, editor e colunista do Sistema Verdes Mares, a projeção a partir dos resultados atuais superam a meta e se aproximam de 50 pontos ao término da competição.

No cronograma estabelecido pelo jornalista após 10 jogos, o Vovô tem início melhor do que o esperado (um ponto a mais), enquanto o Leão segue a campanha projetada (mesma pontuação).

Veja projeção de pontos do jornalista Gustavo de Negreiros

Ceará e Fortaleza na Série A 2020
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